
O Gordon Murray S1 LM pode até dividir opiniões entre os puristas. Para alguns, trata-se apenas de uma releitura pouco inspirada de um ícone do passado.
Para outros — e este é o meu caso — é uma verdadeira obra de arte sobre rodas, ainda que muitos dos cinco exemplares fabricados jamais vejam mais do que alguns minutos de pista.
Um desses modelos, em exibição no prestigiado Museu Petersen, prova que, mesmo parado, um supercarro pode surpreender com soluções técnicas geniais.
Por fora, ele é tudo aquilo que se espera de um carro que carrega o legado de um campeão de Le Mans: proporções perfeitas, curvas refinadas e um estilo que flerta com os melhores designs dos anos 90.
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Mas é ao observar de perto o modelo exposto que o visitante percebe um detalhe inusitado — e brilhante.
Como o S1 LM exibido é um modelo estático, feito exclusivamente para apresentação, a equipe da Gordon Murray Automotive precisou bolar um jeito inteligente de movê-lo pelos corredores do museu.
O resultado? Um sistema de direção traseiro, operado manualmente por um técnico posicionado na parte de trás do carro. E não se trata de um joystick sofisticado, mas sim de um volante que mais parece ter saído de um PlayStation 2.

Esse volante externo, instalado atrás das lâminas do difusor traseiro, controla as rodas dianteiras, como fica claro em um dos vídeos registrados durante a entrada do carro no museu.
A explicação é simples: se o carro não tem acesso ao interior e talvez nem tenha um volante funcional lá dentro, é preciso uma alternativa para manobrá-lo com precisão.
E, convenhamos, não dá para empurrar às cegas um carro que vale milhões.

A genialidade está justamente no contraste entre a função e o objeto.
Um carro com alma de pista, aerodinâmica afiada e visual pronto para as 24 Horas de Le Mans, mas que foi pensado para passar o resto da vida sob a luz fluorescente de uma galeria.
A ideia de colocar um sistema de direção externo, que pode ser usado por uma única pessoa e sem interferir na estética do carro, é quase poética.
É possível que este exemplar do S1 LM seja apenas uma carcaça cuidadosamente montada, ou talvez esconda componentes reais sob a pele de fibra de carbono.

O certo é que essa abordagem não seria aceitável em um carro de pista de verdade, onde cada grama conta. Mas aqui, no reino da contemplação, o que vale é a engenhosidade e o espetáculo visual.
Hoje, com a tecnologia de steer-by-wire cada vez mais acessível, soluções como essa poderiam ser ainda mais discretas e funcionais. Claro, talvez seja exagero usar tudo isso em um carro que nunca vai acelerar.
Mas, quando se está gastando milhões para ter um supercarro feito sob medida para ser exibido como arte, pedir uma direção remota não parece tão absurdo assim.
E no fim das contas, mesmo parado, esse S1 LM vermelho ainda vai provocar olhares apaixonados, fotos detalhistas e suspiros silenciosos de quem entende que, às vezes, a beleza está naquilo que nem precisa andar para impressionar.
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