
O mercado automotivo global vive um daqueles momentos que desafiam qualquer lógica tradicional: uma loja online de carros usados, a Carvana, está prestes a entrar no S&P 500 com um valor de mercado superior ao da Ford e da GM.
Sim, uma plataforma que nem fabrica carros vale hoje mais do que duas das montadoras mais tradicionais da história dos Estados Unidos.
A Carvana, conhecida por suas “vending machines” de carros e uma experiência de compra 100% digital, renasceu das cinzas.
Em 2022, analistas previam sua falência iminente, mergulhada em dívidas e com prejuízos acumulados.
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Mas a virada veio de onde menos se esperava: da crise no mercado de carros novos.

Com os preços de veículos 0 km disparando além do alcance da classe média americana, o consumidor correu para o mercado de usados — e a Carvana estava posicionada exatamente ali.
No terceiro trimestre de 2025, a empresa vendeu 155.941 veículos no varejo e registrou uma receita de US$ 5,65 bilhões — crescimento de 55% em relação ao ano anterior.
O resultado impulsionou seu valor de mercado para cerca de US$ 97 bilhões, enquanto a Ford estacionou em US$ 52 bilhões e a GM em US$ 71 bilhões.
O número é ainda mais impressionante ao considerar que a Carvana não produz absolutamente nenhum carro.
Seu sucesso vem de agilidade digital, cortes de custos, redução de dívidas e uma plataforma que simplifica todo o processo de compra — algo que as montadoras ainda lutam para fazer com eficiência.

A valorização das ações da empresa ultrapassou 8.000% desde o fundo do poço em 2022.
Especialistas veem a Carvana como uma aposta de crescimento de longo prazo, inclusive prevendo que ela pode superar a rival CarMax em volume de vendas até o fim de 2026.
Na prática, o que se vê é uma inversão de valores no setor: quem produz carros está perdendo espaço para quem apenas intermedia sua venda.
Enquanto Ford e GM enfrentam margens apertadas, altos custos com eletrificação e concorrência feroz da China e de startups, a Carvana surfa em um modelo mais enxuto, escalável e diretamente conectado ao bolso do consumidor.
O fenômeno também escancara uma realidade incômoda para os gigantes de Detroit: a mudança de comportamento do consumidor não está apenas nos carros elétricos ou autônomos, mas também na forma de comprar.
Para uma nova geração, comprar um carro pelo celular, com entrega agendada e sem pisar numa concessionária, é mais atraente do que lidar com vendedores e burocracias.
A pergunta que fica é se essa bolha vai estourar ou se estamos diante de uma nova era na indústria automotiva.
Se o preço dos carros novos continuar inalcançável, a Carvana pode continuar crescendo — e deixando para trás até quem fabrica os próprios carros.
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