Adquirir um carro elétrico de uma fabricante que já fechou as portas parece uma aposta ousada até para os mais aventureiros.
Mas os preços absurdamente baixos do Fisker Ocean estão tornando essa ideia cada vez mais tentadora para muitos compradores.
Com descontos agressivos, esse SUV elétrico de luxo virou objeto de desejo — e preocupação — nos EUA.
Desde julho, uma concessionária chamada Newport Fisker, em Costa Mesa, na Califórnia, vem tentando se livrar de dezenas de unidades do Ocean. Na época, os modelos estavam com preços entre US$ 22.990 e US$ 27.990.
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Agora, em setembro, os valores despencaram ainda mais: ao menos quatro unidades estão listadas por apenas US$ 17.990, o equivalente a cerca de R$ 90 mil.
Um dos destaques é um Fisker Ocean azul, com apenas 9.200 milhas rodadas, que oficialmente custa US$ 21.990, mas pode sair por US$ 17.990 com o crédito fiscal federal para EVs usados — desde que o comprador se apresse antes que o benefício seja encerrado pelo governo dos EUA no fim de setembro.
Na prática, trata-se de um SUV de alta performance custando o mesmo que um Nissan Versa novo.
O carro é um Ocean One, a versão mais potente da linha, equipada com dois motores elétricos que, juntos, entregam impressionantes 564 cavalos de potência.
A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em menos de 4 segundos, e a bateria de 106 kWh oferece até 580 km de autonomia. Além disso, a unidade inclui engate para reboque, carregador residencial nível 2 e tapetes resistentes para todas as estações.
No entanto, nem tudo é tão promissor quanto parece. A própria concessionária avisa, em letras pequenas, que “caso o veículo apresente algum defeito após a compra, o comprador, e não o fabricante ou o revendedor, arca com todos os custos de reparo e manutenção”.
Isso significa que, junto com as chaves, o comprador assume também todos os riscos — e num carro de uma marca falida, isso pode ser um problemão.
Há ainda a dúvida se os recalls já emitidos pela Fisker foram devidamente realizados nesses modelos. E, com a empresa fora de operação, mesmo o acesso a peças e suporte técnico pode se tornar uma verdadeira caça ao tesouro.
Comprar um carro assim é praticamente assinar um termo de responsabilidade sobre qualquer dor de cabeça futura.
Mesmo com todas as incertezas, é difícil ignorar a tentação de levar para casa um SUV elétrico de alta performance por menos do que custa um seminovo comum.
O problema é saber se você está comprando uma pechincha histórica ou uma bomba-relógio sobre rodas. Afinal, com o desaparecimento da Fisker, o que sobra é um carro sem pai nem mãe, com desempenho de superesportivo, mas sem ninguém para consertar.
Você encararia esse risco?
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