Suzuki Samurai: a trajetória do simpático jipinho

Muito além de automóveis famosos como o Baleno e Swift, e motocicletas, a Suzuki é conhecida por produzir jipes. O que muita gente não sabe é que a fabricante possui clássicos que deram origens a outros modelos atuais.

Um desses clássicos é o Suzuki Samurai, que “deu vida” ao Jimny na década de 70, por exemplo.

Mas para contar a história do Suzuki Samurai, é preciso voltar no tempo. Assim como outras montadoras, a fabricante não surgiu produzindo motocicletas e carros. Em 1909, em uma vila pequena do litoral japonês, nasceu a Suzuki Loom Works, empresa fundada por Michio Suzuki.

Por 30 anos, Michio se dedicou a fabricar teares através da Suzuki Loom Works. Com isso, ele conseguiu exportar a máquina para outros países. E posteriormente, começou a investir no segmento automotivo.

Em 1937, a Suzuki deu início a um projeto de diversificação de produção e, assim, começa o processo de produzir automóveis pequenos além de motos.

Na época, a Suzuki havia apresentado seu primeiro protótipo com motorização quatro cilindros, que ficou pronto em 1939. Com a Segunda Guerra Mundial, a companhia teve que mudar de planos e voltou com a produção de teares.

Suzulight

Anos depois, as coisas começaram a mudar. A demanda por automóveis populares aumentou e foi assim que a Suzuki lançou o Suzulight, veículo com 360 cilindradas.

Também no mesmo período, a montadora apresentou a motocicleta Colleda, de 125 cilindradas. A partir daí, houve a mudança de nome de Suzuki Loom Works para Suzuki Motor Corporation.

Adiante, a Suzuki passou a diversificar seus modelos e, a partir desse momento, deu iniciou a chegada do Suzuki Samurai. Antes, na década de 60, a montadora nipônica apresentou o Suzuki Fronte: um sedan de duas portas, motor 360 cm³ e câmbio manual de quatro velocidades.

O Fronte tinha 2.995 mm de comprimento, 1.295 mm de largura, 1.290 mm de altura e 1.960 mm de distância entre eixos.

No mesmo período, a Suzuki lançou o furgão Carry. O modelo era equipado com motor 1,3 litro e 86 cv de potência, de quatro cilindros. O Carry foi comercializado em diversos países e chegou até mesmo com emblemas da Ford e da Chevrolet.

Primeiro Samurai – HOPE STAR ON 360

HOPE STAR ON 360

Entre as décadas de 60 e 70, a Suzuki começou “sua paixão pelos 4×4” como a própria montadora define. Podemos dizer que o Suzuki Samurai começa a surgir a partir desse ano.

O “primeiro Suzuki Samurai” nasceu na década de 60, mas como HOPE STAR ON 360. Esse foi o primeiro fora de estrada da marca. Produzido em massa, O ON 360 foi o primeiro compacto com tração nas quatro rodas.

O conjunto mecânico era refrigerado a ar, 359 cc, dois cilindros, duas marchas e tinha 21 cv de potência. O motor era produzido pela Mitsubishi.

O projeto do HOPE STAR ON 360 não era da Suzuki, e sim da Hope Motor Company. O modelo de apenas 600 kg já era produzido em 1965. Em 1968 a Suzuki comprou a Hope Motor Company.

Lembrando os modelos da americana Jeep, HOPE STAR ON 360 era um carro simples, com portas de lonas que eram abertas por zíper, o para-brisa também podia ser rebatido para frente.

Poucas unidades foram produzidas até a Suzuki assumir a Hope Motor Company. Após a compra da empresa, o Suzuki Samurai começa a entrar em ação.

Suzuki Samurai – LJ10

LJ10

Após assumir as operações da Hope Motor Company, a Suzuki começou as primeiras modificações. Primeiro, batizou o HOPE STAR ON 360 de Suzuki Samurai LJ10 (LJ = “Light Jeep” ou “Jipe Leve”, em uma tradução livre).

O Suzuki Samurai LJ10 recebeu diversas novidades. Primeiro na carroceria, que foi toda redesenhada com o objetivo de mostrar que esse era um novo produto. O LJ10 ganhou nova dianteira com faróis arredondados e modificações nos vãos na grade.

A Suzuki trabalhou para aumentar o acesso das portas, deixando-as mais largas; o capô também ficou mais largo e o para-choque mais robusto.

Ainda assim, a grande mudança que o Suzuki Samurai ganhou foi no conjunto mecânico. O LJ10 tinha 590 kg, foi equipado com motor dois cilindros refrigerado a ar (359 cilindradas), gerando 25 cv de potência e 3,7 kgfm de torque máximo.

Claramente, o Samurai LJ10 ganhou pouca atualização no número de cavalos, então os compradores não esperavam um jipe veloz com esse modelo.

O Suzuki Samurai LJ10 recebeu câmbio de quatro velocidades sincronizadas. A transmissão conta com caixa de transferência para adquirir redução. Para evitar a necessidade de incluir óleo dois tempos durante o abastecimento, a Suzuki introduziu um sistema que faz a lubrificação de forma automática.

Na parte interna, nitidamente, não havia luxo e os materiais não eram tão sofisticados.

Os bancos eram em plástico e as chapas ficavam aparentes. Além disso, o painel era resumido. Os ruídos eram perceptíveis ao dirigir, até mesmo no asfalto.

O freio central que equipava o Suzuki Samurai LJ10 fazia o travamento da transmissão ao invés de aplicar os freios das rodas traseiras. Em situações onde o motorista tem que passar por vias alagadas, se os tambores perdem eficiência, seria possível parar o LJ10 com esse freio.

Em alguns países, o Suzuki Samurai LJ10 foi chamado de Suzuki Jimny 360.

Suzuki Samurai – LJ20

LJ20

Em 1972, o Suzuki Samurai ganhou atualização. Desta vez, deixou a nomenclatura LJ10 para virar LJ20. Assim como nas outras gerações, a Suzuki trabalhou para aumentar a potência dessa versão.

O LJ20 ganhou conjunto mecânico com 28 cv de potência e 3,8 kgfm de torque. Não houve aumento de cilindrada e o motor era refrigerado a água.

O lançamento do Samurai LJ20 marcou uma exigência do governo japonês na época. Mudanças nas leis do país exigiam novas dimensões para carros pequenos.

As rodas eram de 15 polegadas e foram equipadas com pneus projetados para off-road. O Suzuki Samurai LJ20 não tinha teto e, apesar do comprimento reduzido, o carro conseguia acomodar quatro pessoas, graças ao posicionamento das rodas.

Depois, a montadora nipônica lançou uma versão com capota rígida (LJ 20 V). Além disso, ela vinha com encosto de cabeça nos bancos. Essa geração foi a primeira disponível com volante na esquerda.

A Suzuki nunca os levou para os Estados Unidos, mas outra empresa teve uma ideia brilhante na época, antes que japonesa adentrasse no mercado norte-americano, a International Equipment Company (IEC) os importou para venda juntamente de equipamentos agrícolas e ATVs.

Suzuki Samurai – LJ50 / SJ10

Suzuki Samurai: história, modelos, motores e curiosidades

O Suzuki Samurai LJ50 foi lançado em 1976. O carro foi oferecido com motor refrigerado a água, de três cilindros em linha e 539 cm³. A potência era de 33 cv e 5,2 kgfm de torque. Sim! O destaque para essa versão é o aumento de torque que a Suzuki promoveu.

O LJ50 ficou mais pesado, passando a ter 675 kg sem capota e 710 kg com o teto rígido. Por outro lado, o carro ficou mais dinâmico e chegava perto dos 100 km/h.

Pouco tempo depois, o governo japonês voltou atrás e permitiu aumentar o comprimento de modelos pequenos. Com isso, a Suzuki retomou a posição do estepe na localização igual ao do HOPE STAR ON 360, dos anos 60.

Com a nova dimensão, o Suzuki Samurai LJ50 passou a ter 3,15 metros, 1,29 m de largura, 1,17 m de altura e 1,90 m de entre-eixos.

Em outros mercados o LJ50 recebeu outros nomes como SJ 10 e Jimny 550. Inclusive, os australianos foram os que mais adquiriram o Suzuki Samurai LJ50 fora do Japão.

Na época, a campanha publicitária para promover o carro japonês dizia que ele era valente, leve e robusto. Acrescenta ainda que o modelo vai a qualquer lugar: sobre neve, areia, terrenos com pedras ou lama.

O Suzuki LJ50 entrou na história como o primeiro veículo de produção no exterior da montadora japonesa, com a abertura de uma instalação no Paquistão. Essa foi a primeira fábrica da Suzuki fora do mercado japonês.

Suzuki Samurai – LJ80 / SJ20 / Jimny 8

Suzuki LJ80 / SJ20 / Jimny 8

O Suzuki Samurai LJ80 foi o modelo final de primeira geração, apresentado em 1977. Mas isso não significava que a empresa estava encerrando por ali a produção do carro. Pelo contrário.

O LJ80 passou a adotar motorização quatro cilindros de 797 cilindradas, 41 cavalos de potência e torque de 6,1 kgfm. Quanto a velocidade, o modelo alcançava 130 km/h. Vale destacar que essa mecânica foi a primeira quatro tempos produzido pela companhia.

Agradável em estradas, o veículo apresentou outras qualidades como baixo consumo de combustível e redução na emissão de fumaça. O tanque de combustível foi ampliado de 26 para 40 litros. O peso total do LJ80 ficou em 762 kg com teto em lona e 790 kg com teto rígido.

Internamente, houve reformulação nos bancos e volante.

O Suzuki Samurai LJ80 foi o primeiro modelo a ter um visual Samurai. Em cada região ele recebeu um nome. Aqui na América do Sul ficou conhecido como “Samurai”, na Ásia passou a se chamar “Jimny” e “Sierra” em uma parte da Europa. Na Holanda, ganhou outro nome: “Eljot 80”.

Em outros mercados, o LJ80 ganhou alguns diferenciais mirando no conforto. Foi incorporado bancos envolventes (com encosto de cabeça e revestidos em tecido). Também foi equipado com piso de carpete, estrutura com proteção contra capotagem, faróis auxiliares e rodas esportivas (pneus 195/80 R 15).

A Suzuki dava um grande passo com o Samurai LJ80 no segmento jovem. O objetivo era estimular esse público a usar jipes como transporte pessoal.

Anos depois, novas modificações foram feitas. O modelo oferecia portas metálicas na carroceria aberta ao invés de lona. Também foi apresentada uma picape para cargas leves, que recebeu o nome de LJ 81.

O Suzuki Samurai LJ 81 tinha 1.40 m e podia suportar até 250 kg. Tinha 3.62 m de comprimento, o que ajudava na hora estacionar o veículo. A distância entre-eixos ficou em 2,20 m e o peso total ficou em 830 kg.

A série LJ que batizava o Suzuki Samurai deixou de ser produzida em 1983. Ainda assim, a fabricante não deixou lançar outras gerações do jipe.

Suzuki Samurai – SJ30 / Jimny 550

Suzuki Samurai: história, modelos, motores e curiosidades

No início dos anos 80, veio a segunda geração, a Suzuki SJ. A partir dessa versão em diante, a nomenclatura Jimny começa a se fazer mais presente em alguns mercados. O Suzuki Samurai SJ30 ou Jimny 550 foi produzido apenas no Japão.

O jipe era equipado com motor T5 de três cilindros em linha. A potência era de 28 cv de potência a 4.500 rpm e torque máximo: 53 Nm a 2.500 rpm. O câmbio oferecido era manual de quatro marchas.

A carroceria foi redesenhada e o design ficou mais robusto. A Suzuki trabalhou em algumas melhorias e deixou o SJ30 com freios melhores, novo sistema elétrico e a suspensão ficou mais macia. Internamente, houve mudanças no painel de instrumento.

O carro Kei Jidosha (porte mini) era comercializado com opções de capota em lona, metal, picape e conversível. O jipe ficou “isolado” no Japão e não foi exportado para outras regiões.

Suzuki Samurai – SJ40 / Jimny 1000 / SJ410

Suzuki

O Suzuki Samurai de 82 recebeu o nome de SJ40, Jimny 1000 e SJ410. Ele marcou o início das vendas em série da família SJ, após o fim da LJ. Em muitos países o jipe foi comercializado como SJ40. Chegou a ser exportado do Japão e também na Espanha (em Linhares) por intermédio da empresa Santana Motor.

Na Europa, com a Santana Motor, o carro ficou conhecido por lá como Samurai 1.0 e Samurai Mil. Estava à venda em quatro versões: capota de lona, capota de metal, picape e conversível.

O conjunto mecânico era F10A de quatro cilindros em linha, SOHC 8 válvulas. O motor gerava 52 cv de potência a 5.00 rpm e torque máximo de 80 Nm a 3.500 rpm.

O Suzuki Samurai SJ40 tinha transmissão manual de quatro velocidades, suspensão por feixes de mola semi-elípticas, freios de tambor nas quatro rodas, entre outros.

Samurai: SJ413 / JA51 / Jimny 1300

Samurai

Produzido nos anos 80, o Suzuki SJ413 recebeu diversos nomes. O pequeno japonês foi vendido como Suzuki Samurai, Suzuki Sierra, Chevrolet Samurai, Suzuki Caribbean, Suzuki Santana, Holden Drover, Suzuki Potohar e Maruti Gypsy. Além de JA51 e o nome “original” Jimny 1300.

O SJ413 recebeu freios a disco dianteiros mais eficientes, um novo painel foi adicionado, além disso, houve alteração no design de assento e uma grade frontal revisada. A montadora adicionou, pela primeira vez, uma caixa de cinco marchas.

O novo câmbio proporcionou melhor desempenho em velocidades altas.

O motor que equipava o carro era G13A de quatro cilindros em linha. Houve também alteração na potência e o veículo passou a ter 70 cv a 5.500 rpm. A suspensão do Suzuki Samurai recebeu barras estabilizadoras de mais qualidade.

Após sofrer uma crise nas vendas, o Suzuki Samurai deixou de ser comercializado nos Estados Unidos, em 1994. Embora isso, as produções seguiram na América do Sul, Austrália e Europa. Atualmente, o Samurai virou oficialmente Jimny.

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Autor: Darlan Helder

Natural de São Paulo, é jornalista e fotógrafo. Escreve na internet sobre o universo automotivo desde 2011