
A Tesla deixou de aceitar pedidos na China dos modelos Model S e Model X, ambos fabricados nos Estados Unidos, em meio à escalada da guerra comercial entre Washington e Pequim.
A decisão veio logo após o governo chinês anunciar que elevaria as tarifas de importação sobre todos os produtos americanos para 125%, uma resposta direta à imposição de tarifas equivalentes pelo presidente Donald Trump.
Até o final de março, os consumidores chineses ainda podiam encomendar o sedã de luxo e o SUV de grande porte da Tesla, segundo registros da ferramenta Wayback Machine, que arquiva versões anteriores de sites.
No entanto, a opção desapareceu do site chinês da marca em 11 de abril. Ainda assim, algumas unidades em estoque permanecem à venda, como um Model S branco listado por 759.900 yuans (cerca de 103.800 dólares).
A nova tarifa chinesa, que entra em vigor neste 12 de abril, é cumulativa.

Ela se soma a um imposto de 20% já imposto anteriormente sobre produtos americanos, por conta do envolvimento dos EUA no tráfico de fentanil — substância que a China considera responsabilidade do governo americano.
Isso eleva o total de tarifas para impressionantes 145%.
A Tesla não comentou oficialmente a retirada dos modelos do site, mas a decisão representa mais uma pedra no caminho da montadora no seu segundo maior mercado. Só em 2023, mais de 20% da receita global da empresa vieram da China.
Vale lembrar que os Model S e Model X representam apenas uma pequena fatia das vendas da Tesla no país asiático — foram apenas 1.866 unidades vendidas em 2024, de acordo com a Associação de Carros de Passeio da China (CPCA).
A maior parte das vendas locais se concentra nos modelos Model 3 e Model Y, produzidos na fábrica da Tesla em Xangai.
Essa planta, no entanto, tem enfrentado dificuldades: a produção caiu por seis meses consecutivos, e os embarques no primeiro trimestre de 2025 sofreram uma retração de 22%.
Enquanto isso, a concorrência doméstica se fortalece rapidamente. A BYD, por exemplo, já é disparadamente a marca de carros mais vendida na China, oferecendo EVs com preços agressivos e tecnologias modernas.
As dificuldades da Tesla não se limitam ao cenário chinês.
As entregas globais da empresa despencaram no primeiro trimestre, atingindo o pior resultado desde 2022.
Além disso, a imagem do CEO Elon Musk sofre desgaste crescente por seu envolvimento em polêmicas políticas internacionais e seu papel no governo Trump, o que tem contribuído para o aumento do boicote à marca em diversos mercados.
Mesmo com os números relativamente baixos dos Model S e X na China, a retirada dos modelos reforça a percepção de que a Tesla está em um momento delicado.
A decisão marca mais um reflexo direto das tensões comerciais sino-americanas no mercado automotivo e levanta dúvidas sobre o futuro da marca de Elon Musk na maior praça automotiva do mundo.

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