
O mercado automotivo japonês enfrenta uma turbulência inesperada nos Estados Unidos.
Mesmo após a administração de Donald Trump reduzir a tarifa de importação para veículos japoneses de 27,5% para 15%, o impacto segue pesado sobre os resultados das montadoras, já que o patamar anterior de apenas 2,5% dificilmente voltará a ser praticado.
Analistas estimam que os sete maiores fabricantes perderam juntos cerca de 160 bilhões de ienes devido ao atraso na implementação da nova tarifa.
A Mitsubishi, por exemplo, calcula que o efeito sobre suas contas neste ano fiscal será de 32 bilhões de ienes, levando a uma queda de 76% no lucro líquido do grupo.
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Para reduzir a dependência do mercado americano, a marca aposta em novos horizontes. No Brasil, onde terceiriza a produção por meio da HPE Automotores, já prepara exportações para países vizinhos como a Argentina.

O Eclipse Cross e a picape Triton têm conquistado espaço, e julho registrou as melhores vendas no país em quatro anos.
A Mazda segue caminho semelhante. O presidente Masahiro Moro confirmou cortes significativos nas exportações de compactos fabricados no México para os EUA.
As vendas do Mazda3 caíram mais da metade em agosto, e do CX-30 recuaram 37%. Em contrapartida, os mesmos modelos ganharam fôlego em mercados alternativos como Canadá e Colômbia.
As previsões não são animadoras. Analistas da SBI Securities projetam alta de 10% a 15% nos preços médios dos carros japoneses vendidos nos EUA até a próxima primavera, reflexo das tarifas e de ajustes para manter margens.
Isso pode provocar desaceleração nas vendas na segunda metade do ano, tornando a diversificação regional ainda mais vital.

Apesar do cenário, seis das sete grandes montadoras japonesas ainda devem fechar 2025 no azul, sustentadas por um iene historicamente fraco em relação ao dólar.
Porém, uma valorização cambial repentina pode corroer essa vantagem de competitividade. A exceção segue sendo a Nissan, ainda em meio a um doloroso processo de reestruturação.
A Toyota, por sua vez, colhe frutos de uma estratégia de décadas. Seus esforços em manter equilíbrio entre diferentes regiões fizeram com que os EUA respondessem por apenas 23% de suas vendas globais em 2024.
A empresa não descansa: anunciou recentemente que iniciará produção de veículos elétricos na Europa para atender melhor os consumidores locais.
Em resumo, as tarifas americanas estão forçando montadoras japonesas a redesenhar seu mapa global de operações.
Se antes os EUA eram vistos como mercado imprescindível, agora América Latina, Europa e outras regiões assumem protagonismo, garantindo resiliência em tempos de incerteza política e cambial.
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