O painel do seu carro novo pode estar te irritando, e você não está sozinho.
A J.D. Power acaba de divulgar seu estudo anual de qualidade inicial de 2025, e a principal reclamação dos motoristas é clara: os sistemas multimídia.
Mesmo com telas cada vez maiores, mais coloridas e bem integradas ao design dos veículos, o que era para ser praticidade virou frustração generalizada.
A promessa era de um interior mais moderno, limpo e eficiente.
Na prática, o que os motoristas encontraram foram menus confusos, recursos escondidos e comandos que exigem mais atenção do que deveriam.
Hoje, funções básicas como ligar os faróis, ajustar o ar-condicionado ou abrir o porta-luvas foram parar dentro da tela – e se essa tela travar, boa sorte.
Por que então essa obsessão por centralizar tudo em uma interface digital? Dinheiro.
As montadoras perceberam que, ao invés de projetar dezenas de botões físicos e lidar com fornecedores diferentes para cada peça, é mais barato concentrar tudo em software.
Um sistema bem programado substitui múltiplos botões, com menos custos e mais possibilidades de faturamento no futuro.
Com isso, as montadoras empurram cada vez mais recursos para as telas. O resultado é uma experiência de uso que obriga o condutor a navegar por uma infinidade de menus e opções, desviando a atenção do trânsito.
O diretor de benchmarking da J.D. Power, Frank Hanley, resume: “Os proprietários acham tudo muito complicado e distrativo. Manter alguns comandos físicos poderia simplificar muito as coisas”.
A contradição é visível: mesmo com tantas críticas, os consumidores continuam fascinados pelas telas. Isso garante sua permanência, mas também acentua o problema.
Afinal, a cada nova função que se tenta incluir, é preciso criar novos atalhos e menus – o que leva a telas ainda maiores e mais complexas. Um ciclo vicioso que transforma um carro em algo mais parecido com um tablet sobre rodas.
Além disso, há uma razão nada inocente por trás dessa digitalização: monetização.
Com uma central digital robusta, o carro vira uma plataforma pronta para vender serviços, atualizações, planos de manutenção e até funções via assinatura. Um botão físico não permite isso.
Mas um menu bem posicionado? Pode virar uma loja inteira no seu painel.
Enquanto algumas marcas prometem devolver os botões aos carros, é improvável que eles substituam as telas.
O apelo visual, a economia para os fabricantes e o potencial de receita falam mais alto. No fim das contas, o que era para ser inovação virou um lembrete diário de que, às vezes, menos é mais – e que um simples botão pode fazer muita falta.
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