Após anos de discussão e promessas, a Tesla finalmente começou a ativar um recurso que pode salvar vidas: a detecção automática de crianças esquecidas dentro do carro.

Batizado de “Child Left Alone Detection”, o sistema vinha adormecido no código dos veículos desde 2023, mas agora está sendo liberado gradualmente via atualização de software.

A tecnologia usa sensores ultrassônicos para detectar a presença de crianças — ou até mesmo de animais — com base em sinais sutis como batimentos cardíacos, e aciona alertas sonoros e visuais caso identifique que há alguém no veículo sem supervisão.

De acordo com as notas oficiais da Tesla, se uma criança for detectada sozinha no interior do carro, o sistema piscará as luzes externas, emitirá um alerta sonoro e enviará uma notificação para o aplicativo Tesla no smartphone do proprietário.

Os alertas se repetem em intervalos regulares até que o responsável retorne ao carro. Todo o processamento é feito localmente, sem envio de dados para a nuvem da Tesla, e a função já vem ativada por padrão.

Apesar da boa notícia, o timing da Tesla levanta questionamentos. Outras montadoras já implementaram soluções semelhantes — e até mais sofisticadas — há anos.

A Hyundai, por exemplo, foi uma das primeiras a incluir de série um sistema baseado em “lógica de portas”, que identifica se uma porta traseira foi aberta antes da viagem e alerta o condutor ao final.

Mais recentemente, a marca coreana passou a utilizar tecnologia de radar capaz de detectar até movimentos sutis do tórax, mesmo com a criança coberta por roupas ou cobertores.

E isso já está presente em alguns modelos 2025 da marca.

A pressão por sistemas como esse não é por acaso. Segundo a NHTSA, a agência de segurança viária dos Estados Unidos, cerca de 37 crianças com menos de 15 anos morrem a cada ano no país por insolação dentro de carros.

Esse número não inclui os casos de hospitalização ou os muitos animais de estimação que também acabam esquecidos. Há uma lei federal aprovada exigindo sistemas de alerta nos bancos traseiros, mas a aplicação vem sendo adiada repetidamente.

A Tesla, por sua vez, está fazendo o que muitos clientes esperavam há tempos: liberando o recurso para veículos já existentes via atualização remota, o famoso over-the-air update.

A função começou a ser ativada na Europa para modelos Model 3 fabricados a partir de 2023, mas a promessa é de expandir o recurso para outras regiões e modelos nos próximos meses.

Embora a iniciativa seja louvável e possa, de fato, evitar tragédias, a Tesla ainda corre atrás do prejuízo.

Em uma área tão sensível quanto a segurança infantil, o atraso em adotar medidas que a concorrência já oferece como padrão não passa despercebido.

Ainda assim, a chegada do “Child Left Alone Detection” representa um passo importante — e necessário — na responsabilidade que qualquer fabricante de automóveis deve ter com seus usuários.

Especialmente os mais vulneráveis.