O bilionário Elon Musk pode estar perdendo o interesse pela Tesla — e a empresa, por sua vez, pode estar caminhando para um futuro sombrio.
Essa é a opinião do ex-CEO da Stellantis, Carlos Tavares, que fez duras críticas à montadora americana e ao próprio Musk durante uma entrevista recente ao jornal francês Les Echos, como parte da divulgação de seu novo livro de memórias.
Segundo Tavares, Musk tem se dedicado pouco à Tesla e pode, em breve, abandonar de vez o setor automotivo para focar em outras áreas como inteligência artificial, robótica humanoide e os projetos espaciais da SpaceX.
“Não se pode descartar que, em algum momento, ele decida sair da indústria automobilística para se concentrar em robôs humanoides, na SpaceX ou na inteligência artificial”, afirmou.
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O executivo de 67 anos, que comandou marcas como Peugeot, Fiat e Jeep, foi afastado da Stellantis no fim de 2024, após divergências com o conselho de administração — e desde então, vem adotando um tom cada vez mais crítico ao mercado e aos bastidores da indústria.
Para Tavares, a Tesla vive um momento de fragilidade, sendo cada vez mais pressionada pela eficiência e competitividade da chinesa BYD, que já superou a montadora americana em vendas globais de veículos elétricos em diversas ocasiões nos últimos trimestres.
Ele afirmou que a empresa de Musk está “supervalorizada” e previu um futuro nada promissor para seus investidores:
“A perda de valor de mercado da Tesla será colossal, porque essa avaliação é simplesmente estratosférica”, disparou.
“Não tenho certeza se a Tesla ainda existirá em 10 anos.”
As declarações vêm em um momento sensível para Musk, que enfrenta uma votação iminente envolvendo seu polêmico pacote de remuneração de cerca de US$ 1 trilhão, condicionado ao alcance de metas financeiras e operacionais de longo prazo.
Analistas e acionistas têm debatido se o empresário está realmente focado em manter a Tesla competitiva — especialmente após uma série de quedas nas ações e relatos sobre a crescente atenção de Musk aos projetos da xAI, da Neuralink, da SpaceX, além do envolvimento direto com o X (ex-Twitter).
Questionados sobre as falas de Tavares, nem a Tesla nem Elon Musk responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Enquanto isso, a BYD segue expandindo seu domínio global, com margens agressivas, produção em escala e modelos que estão conquistando mercados que antes pareciam intocáveis para montadoras chinesas.
Se Tavares estiver certo, o futuro da Tesla dependerá não apenas da tecnologia ou das metas de mercado, mas também da atenção — ou falta dela — de seu criador.
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