
A Tesla decidiu não esperar pela justiça e ofereceu a Elon Musk um novo pacote de ações avaliado em cerca de US$ 29 bilhões, mesmo após o plano anterior, de US$ 50 bilhões, ter sido anulado por um tribunal de Delaware.
A medida visa manter o bilionário no comando da montadora em um momento delicado, marcado pela transição do negócio principal — os carros elétricos — para apostas ousadas em robotáxis e robôs humanoides.
O novo acordo, chamado de “premiação provisória”, contempla 96 milhões de ações que Musk poderá adquirir por US$ 23,34 cada, o mesmo valor do plano original de 2018.
No entanto, para ter direito ao montante, ele precisará permanecer em um cargo executivo de alto nível por pelo menos dois anos e aguardar o desfecho do processo judicial que contesta seu pacote anterior.

Com a nova concessão, Musk poderá elevar sua participação na Tesla de 12,7% para mais de 15%, consolidando ainda mais sua influência dentro da empresa.
A Tesla informou que não registrará esse valor como despesa contábil por enquanto, pois considera improvável que as condições de desempenho sejam atingidas no momento.
Se a justiça restaurar o plano anterior, o novo pacote será automaticamente cancelado ou compensado para evitar um pagamento duplo.
A decisão também busca afastar rumores de que o conselho da Tesla estaria perdendo a paciência com o comportamento errático de Musk nos últimos meses.

Suas recentes declarações políticas, incluindo o apoio a Donald Trump, e seu envolvimento com outras empresas como a xAI, alimentaram dúvidas sobre sua dedicação à montadora que é a principal fonte de sua fortuna.
Os números da Tesla também preocupam. As vendas estão em queda devido à defasagem da linha de modelos, concorrência acirrada e a imagem da marca que vem sendo arranhada pelas polêmicas de seu CEO.
Segundo dados da S&P Global Mobility, a fidelidade à marca caiu significativamente desde que Musk passou a se posicionar politicamente de forma mais agressiva.
Apesar das críticas, investidores reagiram positivamente ao anúncio do novo pacote, e as ações da Tesla subiram quase 2% logo após a notícia.

Para analistas, manter Musk na liderança é visto como um mal necessário, dado o histórico de crescimento explosivo da empresa sob seu comando — as ações da Tesla subiram quase 2.000% nos últimos dez anos, contra 200% do índice S&P 500 no mesmo período.
Ainda assim, especialistas em governança criticam a nova concessão como uma tentativa de contornar a decisão da corte.
Para Charles Elson, da Universidade de Delaware, o novo plano é praticamente uma versão reciclada do acordo já considerado ilegal: “Se ele sair agora, perde 13% da empresa, que continua sendo a maior parte do seu patrimônio. Ele já está suficientemente motivado.”
O novo capítulo da batalha entre Tesla, Musk e o sistema judiciário norte-americano ainda está longe do fim.
Mas, por ora, a empresa aposta tudo no nome que a levou ao topo — mesmo que o preço seja mais uma fortuna em ações e a credibilidade em xeque.
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