
A Tesla está à beira de um duro revés no seu maior mercado: a Califórnia.
O Departamento de Veículos Motorizados (DMV) do estado está pressionando para suspender por 30 dias a licença da empresa de vender carros, após anos de disputas judiciais sobre a forma como Elon Musk e sua equipe vêm promovendo os recursos Autopilot e Full Self-Driving (FSD).
O que está em jogo é mais do que apenas um embate legal: uma possível suspensão das atividades comerciais da marca num momento em que a demanda está alta, impulsionada pelo fim iminente do crédito fiscal federal para veículos elétricos.
Se a licença for suspensa, a Tesla pode perder dezenas de milhares de entregas previstas para este trimestre – algo que seria devastador para suas metas financeiras em 2025.
O caso remonta a 2021, quando o DMV começou a investigar a Tesla por alegações de propaganda enganosa.
A agência afirma que a empresa tem promovido seus sistemas de assistência à condução com afirmações que induzem os consumidores ao erro, tanto pela escolha dos nomes dos recursos como pelas declarações públicas feitas por Elon Musk e pela própria Tesla.
Entre os trechos destacados pela acusação, estão frases como: “Seu Tesla vai olhar sua agenda e levá-lo automaticamente ao destino” e “o sistema é projetado para realizar viagens curtas e longas sem ação do condutor”.
Segundo o DMV, isso vai muito além do que a tecnologia realmente é capaz de fazer atualmente.
Enquanto isso, a Tesla tenta se defender dizendo que sempre advertiu os usuários para manterem as mãos no volante e estarem atentos. A empresa também argumentou que, como esse tipo de comunicação já ocorre há anos sem punições, seria injusto punir agora.
Mas os tribunais não aceitaram essa justificativa, e o processo foi autorizado a seguir para julgamento.
Nesta semana, um painel judicial conduz uma audiência de cinco dias sobre o caso. A testemunha principal é Melanie Rosario, comandante do DMV responsável pela investigação.
Ela detalhará as supostas inconsistências entre o que a Tesla prometia ao público e o que de fato oferecia.
O DMV também convocou o professor Bryant Walker Smith, da Universidade da Carolina do Sul, que atua no comitê da SAE sobre condução automatizada.
Ele deve explicar como o vocabulário usado pela Tesla desvirtua os conceitos técnicos estabelecidos sobre direção autônoma.
Se a decisão for pela suspensão, a Tesla enfrentará uma enorme dor de cabeça logística, pois teria que redirecionar as entregas para fora da Califórnia. Isso em um trimestre que já é crucial para compensar as quedas de vendas registradas ao longo do ano.
No fundo, o caso pode representar um ponto de virada. Para muitos críticos, essa punição seria o alerta necessário para que a empresa, e principalmente seu CEO, passem a tratar com mais responsabilidade o que é prometido ao consumidor.
O charme tecnológico da Tesla está em xeque – e, dessa vez, o tribunal não parece disposto a deixar passar.
[Fonte: Electrek]
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