
A diretoria da Tesla correu para declarar apoio ao CEO Elon Musk na última quinta-feira, após uma reportagem do Wall Street Journal sugerir que a empresa teria considerado substituí-lo.
A presidente do conselho, Robyn Denholm, negou os rumores, afirmando que o executivo ainda conta com a confiança total da empresa.
A defesa pública veio num momento em que investidores demonstram crescente preocupação com as ausências prolongadas de Musk, suas posições políticas polarizadoras e a queda brusca nas vendas e lucros da montadora.
A pressão sobre a liderança de Musk se intensificou recentemente, em parte por sua proximidade com o ex-presidente Donald Trump, o que tem afastado parte da base de clientes mais liberal da Tesla, especialmente na Europa.
Ainda assim, analistas e fontes internas admitem que a imagem de Musk está profundamente entrelaçada com a da Tesla — e qualquer plano para substituí-lo representa um risco imenso.
Segundo analistas, cerca de 75% do valor de mercado inflado da Tesla se baseia não em seus lucros atuais, mas na expectativa de tecnologias futuras prometidas por Musk, como direção autônoma total e robôs humanoides — projetos que, apesar das promessas, seguem sem entrega concreta.
Mesmo com a crescente concorrência de montadoras chinesas como a BYD, investidores continuam vendo Musk como o único capaz de realizar essas promessas futuristas.
Apesar da declaração de confiança da presidente do conselho, fontes afirmam que alguns executivos da Tesla sugeriram repetidamente que Musk adotasse uma estrutura de liderança semelhante à da SpaceX, onde Gwynne Shotwell gerencia as operações diárias.
Musk, no entanto, sempre se recusou. Isso tem contribuído para a saída de diversos executivos da Tesla no último ano — especialmente os que eram contra a mudança de foco da empresa, que passou a priorizar táxis-robôs, inteligência artificial e robôs humanoides em detrimento do negócio principal de carros elétricos.
Além disso, a situação financeira da Tesla preocupa.
As vendas de veículos caíram drasticamente em mercados estratégicos como a Europa, e os lucros encolheram. Ainda assim, substituir Musk não é simples.
O investidor Brian Mulberry, da Zacks Investment Management, diz que a dificuldade de trocar o CEO é “oito ou nove numa escala de dez”, já que seria necessário encontrar alguém com carisma próprio e capacidade técnica para sair da sombra de Elon.
Gene Munster, sócio da Deepwater Asset Management, afirma que substituir Musk é “essencialmente impossível”, e reforça que ele é maior que a própria Tesla.
O próprio Musk zombou das críticas durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, ao usar dois bonés de campanha de Trump e afirmar: “Dizem que uso muitos chapéus, é verdade.”
Com 13% das ações da Tesla e influência direta nas nomeações do conselho, Musk manteria poder mesmo fora do comando.
Isso preocupa investidores como James McRitchie, que compara a situação à saída de Jack Welch da GE — momento em que a empresa, antes idolatrada, revelou suas fragilidades estruturais.
Apesar das incertezas, alguns acreditam que a Tesla poderia seguir adiante mesmo sem Musk.
“A tecnologia está lá: temos uma linha sólida de EVs, o projeto de robotáxis, o piloto automático. A questão agora é execução. Precisamos mesmo de mais uma onda de inovações ou apenas de uma gestão eficiente?”, concluiu Mulberry.

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