Após uma longa série de adiamentos, a Tesla anunciou estar finalmente avançando na produção do caminhão pesado Semi, que inicialmente tinha entrega prevista para 2019.
Agora, a previsão é que as primeiras unidades cheguem ao mercado em 2026, ou seja, quase uma década depois dos pedidos iniciais feitos por grandes empresas de transporte.
Embora o novo prazo traga esperança aos clientes, especialistas acreditam que a Tesla enfrentará desafios substanciais para conquistar uma fatia relevante do competitivo mercado de caminhões de Classe 8 nos Estados Unidos.
O setor de caminhões pesados, dominado por gigantes como Daimler, Volvo e Paccar, é altamente restrito e marcado por relações consolidadas entre fabricantes e transportadoras.
Em 2023, o mercado de Classe 8 totalizou cerca de 200.000 unidades, incluindo todas as opções de tração. Com sua fábrica planejada para Nevada, a Tesla pretende fabricar 50.000 unidades anuais do Semi, o que corresponderia a cerca de 25% do mercado atual.
No entanto, a aceitação dos caminhões elétricos no segmento ainda é tímida, com apenas 872 novas matrículas de Classe 8 elétricos registradas no ano passado, conforme dados da S&P Global Mobility.
Além disso, concorrentes tradicionais como a Freightliner já demonstram avanços nos modelos elétricos pesados, registrando 321 novas unidades, enquanto a Tesla somou apenas 21, ressaltando a dificuldade de ganhar terreno em um setor tão enraizado.
Lars Moravy, vice-presidente de engenharia da Tesla, destacou que o sucesso do Semi dependerá da adoção dos clientes, afirmando que “o crescimento do Semi dependerá principalmente da aceitação do mercado”.
Já o analista Oliver Dixon, especialista em caminhões pesados da Guidehouse Insights, acredita que há um risco de execução considerável. Para ele, embora o entusiasmo inicial em torno do Semi tenha sido alto, o tempo passou e agora há incertezas sobre a demanda para caminhões elétricos em 2026.
Desde seu lançamento em 2017, o Semi conquistou pedidos de grandes empresas como PepsiCo, J.B. Hunt, DHL, UPS e Sysco. A produção, prevista inicialmente para 2019, sofreu uma série de atrasos devido a problemas globais, como a pandemia, além da escassez de peças e da falta de células de bateria.
A Tesla acabou priorizando suas fábricas de carros elétricos em Austin e Berlim, o que contribuiu para a espera prolongada dos clientes comerciais. Ainda assim, a Tesla forneceu algumas unidades de teste para grandes clientes, como a PepsiCo, que elogiou o desempenho do Semi.
Em setembro de 2023, o Semi superou seus concorrentes em um teste real de autonomia promovido pelo Conselho Norte-Americano de Eficiência em Frete (NACFE). Durante o evento “Run on Less” focado em veículos comerciais elétricos, um Semi da PepsiCo percorreu impressionantes 1.076 quilômetros em um único dia com recargas intermediárias, destacando sua eficiência no segmento.
Entretanto, mesmo com a liderança tecnológica demonstrada, a Tesla enfrenta um dilema: os caminhões Semi que foram testados deixaram seus clientes satisfeitos, mas o modelo ainda não está disponível comercialmente, o que aumenta a frustração de quem aguarda os veículos há anos.
Em outubro, a Automotive News conversou com várias transportadoras que reservaram unidades do Semi logo após o anúncio inicial.
Algumas empresas, como a Ryder Systems, ainda não receberam os cinco caminhões encomendados, embora continuem otimistas quanto ao recebimento futuro dos veículos. A DHL, por sua vez, testou o Semi por duas semanas, mas ainda não tem data confirmada para a entrega dos dez veículos reservados em 2017.
A UPS, que também espera há anos por 125 caminhões, afirmou que o Semi é uma peça importante em sua estratégia de sustentabilidade, embora não tenha atualizado sua previsão de entrega.
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