A autonomia declarada dos carros elétricos sempre gera polêmica — e agora um novo teste mostra o motivo.
Realizado pela equipe da revista Car and Driver, o experimento revelou o quanto a velocidade pode prejudicar a eficiência de modelos elétricos em estradas.
Os testes aconteceram em um circuito oval de 7,5 km no centro de provas da Stellantis, em Chelsea, Michigan, com dois EVs modernos — Lucid Air Pure e Kia EV9 — e um representante dos motores a combustão: o Subaru Forester.
Os veículos foram avaliados em quatro velocidades distintas: 56, 88, 120 e 152 km/h.
Em cada faixa, os dados internos de telemetria foram usados para calcular a autonomia máxima possível com uma carga completa (ou tanque cheio, no caso do Subaru).
O resultado? Alta velocidade é um inimigo implacável dos elétricos, com queda significativa de alcance quanto mais rápido se dirige.
No caso do Lucid Air, a decepção foi clara: para atingir a autonomia de 410 milhas (cerca de 660 km) divulgada pela EPA, o sedã teria que rodar a uma média de 49 mph — pouco menos de 80 km/h.
Em outras palavras, quem dirige o Lucid a velocidades reais de rodovia dificilmente verá essa autonomia se concretizar.
O Kia EV9 se saiu melhor nesse quesito: para alcançar as 253 milhas (cerca de 407 km) prometidas, bastaria manter uma média de 71 mph, algo mais próximo da realidade.
Já o Subaru, embora tenha tido uma queda de autonomia ainda maior ao atingir velocidades mais altas, começou em vantagem. A gasolina permite uma autonomia inicial bem maior — o modelo alcançou cerca de 800 km a 88 km/h e ainda entregava mais de 500 km mesmo a 120 km/h.
O estudo revela algo importante: apesar da evolução expressiva dos EVs nos últimos anos, a eficiência ainda depende demais do contexto.
Enquanto na cidade eles brilham com frenagens regenerativas e baixa resistência aerodinâmica, nas rodovias largas e velozes dos EUA (e do Brasil), o desempenho real pode decepcionar.
A EPA, responsável pelos números oficiais nos Estados Unidos, até divulga dados específicos de rodovia, mas é a média combinada que ganha os holofotes. E esse número raramente reflete o que o motorista verá na prática, principalmente durante uma viagem.
O teste reforça que o progresso nos EVs é real, mas também que as limitações práticas ainda existem — especialmente para quem planeja cruzar grandes distâncias em alta velocidade.
Até lá, é bom lembrar que o ponteiro do velocímetro também afeta a barra da bateria.
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