Enquanto rivais investem bilhões em plataformas totalmente novas, a Toyota prefere jogar no seguro.
E isso vale mesmo para lançamentos importantes, como o novo Camry e o futuro RAV4, que, apesar da nova cara e algumas melhorias, continuam sendo construídos sobre as mesmas bases estruturais dos modelos lançados em 2018 e 2019, respectivamente.
E não, isso não é apenas para economizar.
Segundo o executivo australiano Sean Hanley, em entrevista à revista Drive, essa estratégia é intencional e técnica.
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A Toyota acredita que manter uma plataforma já testada ao longo dos anos é crucial para garantir os pilares da marca: qualidade, durabilidade e confiabilidade.
Em suas palavras: “As plataformas atuais entregam exatamente isso — e é isso que importa para nós.”
O raciocínio da Toyota segue uma lógica conhecida no setor. Modelos completamente novos, com plataformas e motores inéditos, frequentemente enfrentam problemas inesperados nos primeiros anos de produção.
Já um carro que passou por anos de refinamento tende a ser mais confiável. Um exemplo citado é o BMW X3, que teve desempenho de confiabilidade questionável logo após seu redesenho, mas melhorou com o tempo.
Outro caso é a Mazda, que figura entre as marcas mais confiáveis da JD Power — e cuja linha de veículos, em sua maioria, ainda se baseia em plataformas anteriores a 2020.
O Camry, mesmo com sua “plataforma reciclada”, continua sendo um excelente sedã médio. Ganhou elogios da crítica e até prêmios de carro do ano em publicações especializadas.
O novo RAV4, por sua vez, ainda não foi testado pela imprensa, mas também promete entregar um pacote competitivo, apesar da base familiar.
E a Toyota não está sozinha: marcas como Nissan, Dodge e a própria Mazda também seguiram essa linha conservadora, com veículos que, apesar de antigos em estrutura, continuam vendendo bem.
O Dodge Charger, por exemplo, passou mais de uma década no mercado com alterações mínimas e ainda assim manteve um público fiel.
E, claro, o fator custo não pode ser ignorado.
Projetar uma nova plataforma do zero exige investimentos pesados — e a Toyota, mesmo sendo uma das montadoras mais ricas do mundo, sabe que cada centavo economizado hoje pode ser direcionado ao desenvolvimento de EVs e híbridos no futuro.
Em vez de reinventar todos os modelos com motor a combustão, a marca parece optar por esticar ao máximo o ciclo de vida dessas plataformas, preparando terreno para a grande virada elétrica nos próximos anos.
Essa abordagem pode parecer conservadora, mas é baseada em dados, confiabilidade e estratégia financeira.
A Toyota sabe que a transição energética exigirá investimentos massivos, e enquanto isso não acontece, continua apostando em carros que os consumidores conhecem, confiam — e continuam comprando.
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