A Toyota está prestes a enfrentar um dos piores anos financeiros da sua história recente, e o principal vilão atende pelo nome de tarifas de importação.
As medidas impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, já estão impactando fortemente os números da montadora japonesa, e a previsão para o próximo ano fiscal, que termina em março de 2026, é de queda brusca tanto no lucro líquido quanto no lucro operacional.
A gigante automotiva estima uma redução de até 34,9% em seu lucro líquido, além de uma retração de 20,8% no lucro operacional. Isso equivale a perder bilhões de dólares em receita, mesmo com as vendas nos Estados Unidos ainda aquecidas.
Em seu mais recente relatório financeiro, divulgado em 8 de maio, a Toyota estimou que seu lucro operacional cairá de 4,8 trilhões de ienes no último exercício para 3,8 trilhões de ienes no novo ano fiscal — uma queda de aproximadamente US$ 7 bilhões.
O lucro líquido, por sua vez, deve despencar para 3,1 trilhões de ienes, ou cerca de US$ 21,5 bilhões.
A empresa já se prepara para um impacto negativo de 180 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 1,2 bilhão) apenas entre os meses de abril e maio devido às novas tarifas americanas.
Mas nem só os impostos estão corroendo os resultados. A valorização do iene frente ao dólar americano deve causar um prejuízo adicional de 745 bilhões de ienes, algo em torno de US$ 5,1 bilhões.
Soma-se a isso o aumento dos custos com materiais, que vai pesar mais 350 bilhões de ienes (US$ 2,4 bilhões) na conta.
Apesar do cenário sombrio, a Toyota adotou uma postura surpreendente: não vai repassar esses custos ao consumidor — pelo menos por enquanto.
“A Toyota não tomará medidas de curto prazo, como aumentar preços em função das tarifas”, garantiu o diretor financeiro da empresa, Yoichi Miyazaki.
Ele também informou que, mesmo com todas essas pressões, a marca espera um aumento de 8,8% nas vendas na América do Norte, alcançando 2,94 milhões de unidades comercializadas.
O presidente e CEO da Toyota, Koji Sato, reconheceu a instabilidade do momento e afirmou que os impactos das tarifas ainda estão em aberto, já que as políticas comerciais de Trump seguem em constante mudança.
Em entrevista à Nikkei Asia, Sato comentou que, embora o ideal seja manter o foco nos Estados Unidos, onde a base de clientes é significativa, a empresa poderá redirecionar veículos para outros mercados como medida paliativa no curto prazo.
Ou seja, mesmo sendo a maior montadora do mundo, a Toyota não está imune às turbulências do cenário político e econômico global.
E embora a empresa demonstre resiliência e capacidade de adaptação, o próximo ano promete ser um verdadeiro teste de sobrevivência para a marca japonesa.
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