
Quem já atendeu uma ligação com o carro em movimento sabe como a qualidade da chamada pode ser frustrante.
No caso de alguns donos de veículos da Toyota nos Estados Unidos, o problema foi além do incômodo: tornou-se motivo para um processo coletivo que se arrastou por seis anos e terminou de forma, no mínimo, decepcionante.
Tudo começou com um defeito no sistema Bluetooth de chamadas viva-voz.
Segundo os autores da ação, quem atendia ligações com o recurso ativado fazia o interlocutor ouvir sua própria voz em forma de eco — um problema que tornava as conversas irritantes e, segundo os queixosos, afetava o valor de revenda dos carros.
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A Toyota, por sua vez, negou qualquer defeito de fábrica, alegando que o problema era resultado do uso incorreto do sistema.

Mesmo sem admitir culpa, a montadora concordou em pagar uma indenização apenas para os 14 autores iniciais da ação, no valor individual de cerca de US$ 6.800.
Já os advogados, como de costume, saíram com um cheque bem mais robusto: US$ 3,15 milhões.
Quanto ao restante dos proprietários afetados? Nada além de um vídeo tutorial com instruções básicas de como ajustar o volume do sistema para tentar reduzir o eco.
Os modelos envolvidos na disputa judicial são muitos — e populares. Estão na lista veículos como 4Runner, Prius, Tacoma, Tundra, Highlander, Sienna, Avalon e até o esportivo Mirai, todos fabricados entre 2014 e 2019.
A recomendação oficial, agora padronizada pela Toyota, é que os motoristas coloquem o volume do celular no máximo e reduzam o volume do carro para 45 ou menos. Caso o eco continue, a orientação é simplesmente “abaixe ainda mais”.

Esse vídeo e um tal “Programa de Alcance” compõem a parte mais ampla do acordo, que não envolve nenhum tipo de reparo físico, atualização de software ou compensação em massa.
A montadora ainda chegou a emitir boletins técnicos internos antes da resolução legal, alegando que o eco era um “efeito colateral de volume baixo”.
A audiência final de aprovação do acordo está marcada para 2 de março de 2026, na Corte Distrital Central da Califórnia.
Até lá, milhares de donos de Toyota afetados ficam com uma dúvida pairando no ar: valeu a pena tanta batalha judicial para acabar com um vídeo estilo YouTube ensinando a mexer no volume?
O caso também levanta um debate incômodo sobre como as montadoras lidam com problemas generalizados e como o sistema legal muitas vezes recompensa mais os advogados do que os consumidores que realmente enfrentam os defeitos.
No fim das contas, o eco pode ter sumido do carro — mas o gosto amargo da impunidade ainda ressoa entre os proprietários.
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