O novo SUV elétrico da Toyota, o bZ3X, mal começou sua trajetória internacional e já mostra que seu apelo de preço baixo pode não sobreviver fora da China.
Lançado por apenas 15 mil dólares no mercado chinês, o modelo está estreando em outros países com um preço quase inacreditável: cerca de 50 mil dólares na Etiópia.
E se esse valor já parece alto, imagine o que poderá acontecer se algum dia o modelo chegasse ao Brasil – um dos mercados com maior margem de lucro das montadoras em todo o mundo.
A matemática é simples: na China, o bZ3X custa a partir de 109.800 yuan, algo como 15 mil dólares. Equipado com duas opções de bateria, autonomia de até 610 km e um design voltado a famílias jovens, o modelo se tornou rapidamente um sucesso local.
Só no mês passado, superou rivais de peso como VW ID.3, BMW i3 e Nissan N7 em vendas.
Mas fora da China, o jogo muda. Em sua estreia na Etiópia, o mesmo carro chegou às lojas por cerca de 6,3 milhões de birr – o equivalente a 48 mil dólares.
É um valor altíssimo, mas nada intimidador quando vemos os preços aqui do nosso país, afinal, 48.000 dólares são “apenas” R$ 264.000.
Isso se deve à carga tributária sobre veículos elétricos no país africano, que pode chegar a mais de 90% somando impostos de importação, IVA, tributos adicionais e retenções. Ainda assim, o valor levantou sobrancelhas, já que o objetivo do modelo era justamente a acessibilidade.
E se o valor triplicou em um mercado emergente como a Etiópia, o que esperar do Brasil?
Aqui, as montadoras historicamente praticam preços com margens muito acima da média global, graças a uma combinação de impostos elevados, custos logísticos, e uma cultura de consumo de veículos novos que permite repasses agressivos ao consumidor.
A possibilidade de ver um bZ3X custando perto dos 300 mil reais (ou ainda mais) por aqui não é exagero. Afinal, modelos importados e até mesmo nacionais com menos tecnologia e menor autonomia já beiram, ou superam, essa faixa de preço.
Com 4,64 metros de comprimento e espaço interno generoso, o bZ3X traz bons argumentos de venda, como o sistema inteligente de condução Momenta 5.0 e um pacote tecnológico digno de categorias superiores.
Mas todo esse conjunto pode se tornar irrelevante se o preço final no Brasil torná-lo inacessível para a maior parte da população.
O caso do bZ3X mostra mais uma vez como o desafio da eletrificação no Brasil vai muito além da infraestrutura: ele começa no preço.
E, se depender da lógica de mercado atual, o carro mais barato da Toyota poderá custar, por aqui, o mesmo que um modelo premium na Europa.
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