Se alguém tivesse acordado hoje após 15 anos em coma, uma das surpresas mais positivas no mundo automotivo seria ver a Toyota falando de emoção, diversão e paixão ao dirigir.
A mesma Toyota que ficou famosa por veículos confiáveis, mas insossos, agora quer — de forma explícita — encantar motoristas e se afastar do que chama de “carros commodities”.
Essa virada de filosofia foi expressa sem rodeios por Koji Sato, atual CEO da marca, durante uma sessão de perguntas e respostas após a divulgação dos resultados financeiros da empresa.
Ao ser questionado sobre a crescente falta de “diversão” nos carros modernos, Sato respondeu com sinceridade: “Um carro não é um carro se não for divertido”.
Segundo ele, já não basta apresentar modelos com melhor consumo, design novo ou ficha técnica mais recheada. É preciso encantar, emocionar.
A fala de Sato vai na contramão de grande parte da indústria atual, que segue investindo em SUVs genéricos, elétricos com personalidade diluída e projetos focados em dados frios de eficiência ou desempenho.
“Acabou a era das decisões apenas com o lado esquerdo do cérebro”, disse o executivo, destacando que, daqui para frente, a Toyota quer tocar os corações dos consumidores com cada carro que lançar.
Embora frases como “emocionar pessoas” pareçam parte do discurso típico de marketing, a fala ganha peso quando vem da maior montadora do mundo.
E mais ainda quando se sabe que Sato sucedeu Akio Toyoda, um verdadeiro entusiasta que deixou sua marca ao transformar a marca em algo mais vibrante com modelos como o GR Yaris, GR86 e Supra.
Sato deixou claro que essa linha vai continuar. “Claro que esportivos precisam ser atraentes, mas se essa mesma paixão não estiver presente em outros carros, não alcançaremos os consumidores”, disse ele, mostrando que o compromisso da marca não está restrito apenas a modelos esportivos.
O recado da Toyota é direto: os tempos de “carros planilha” estão com os dias contados.
A nova geração de modelos da marca quer oferecer mais que eficiência e performance — quer ser memorável.
Em uma indústria onde tudo parece seguir para a pasteurização total, ouvir isso da Toyota — conhecida por ser conservadora — soa quase como uma revolução.
Resta saber se as ações vão acompanhar as palavras. Mas se depender do novo comando da marca, o futuro da Toyota não será apenas elétrico — será, acima de tudo, divertido.
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