Com as tarifas pesadas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre veículos e produtos japoneses, as montadoras do Japão estão se preparando para perdas bilionárias.
Mas a Toyota pode estar prestes a apresentar uma solução inusitada — e diplomática — para ajudar a aliviar a tensão comercial entre os dois países.
A proposta vem do diretor de tecnologia da Toyota, Hiroki Nakajima, que sugeriu que marcas americanas como Ford e Chevrolet poderiam vender seus carros diretamente nas concessionárias da Toyota no Japão.
A ideia foi revelada em um vídeo publicado no site da montadora e, posteriormente, discutida em uma reunião entre o presidente do conselho da Toyota, Akio Toyoda, e o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, conforme reportado pelo jornal The Mainichi.
Atualmente, as marcas americanas contam com apenas 163 concessionárias no Japão, enquanto a Toyota opera mais de 4.000 pontos de venda.
Ao usar essa vasta rede, os EUA teriam uma porta de entrada privilegiada para atingir os consumidores japoneses, algo que há décadas é motivo de frustração para fabricantes americanos.
O pano de fundo dessa movimentação é a nova rodada de tarifas implementada pela administração Trump, que incluem uma taxa de 25% sobre veículos importados e sobre materiais como aço e alumínio, além de uma tarifa de 24% sobre produtos em geral.
Como resultado, a indústria automotiva japonesa pode sofrer um impacto de até US$ 19 bilhões neste ano fiscal. Somente em veículos, o Japão exporta cerca de 1,5 milhão de unidades para os EUA anualmente.
Desde seu primeiro mandato, Trump vem pressionando o Japão a abrir mais espaço para veículos americanos em seu mercado interno.
Contudo, essa exigência ignora uma realidade geográfica e cultural: o Japão é um país pequeno, densamente povoado e com ruas estreitas, que favorecem carros compactos e econômicos — daí a popularidade dos kei cars.
Carros grandes, típicos do mercado americano, simplesmente não se encaixam bem nesse ambiente.
Apesar disso, o Japão parece disposto a ceder em parte, como forma de manter boas relações comerciais e tentar negociar a redução das tarifas.
Além da sugestão de revender veículos americanos por meio da rede da Toyota, outra alternativa mencionada por Nakajima seria aumentar a exportação de veículos fabricados nos EUA por montadoras japonesas — o que ajudaria a reduzir o déficit comercial americano com o Japão.
Por ora, nada está decidido, mas a ideia mostra o quanto a Toyota — e o governo japonês — estão abertos a soluções criativas para proteger sua indústria automotiva diante de um cenário global cada vez mais protecionista e imprevisível.
Se isso significar ver picapes da Ford sendo oferecidas lado a lado com um Prius em uma loja da Toyota em Tóquio, que assim seja.
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