
A coleta de dados pelos carros modernos deixou de ser segredo faz tempo, mas a forma como essas informações são usadas ainda é nebulosa — e motivo de crescente desconfiança entre motoristas.
Após o escândalo envolvendo a General Motors, que foi forçada a interromper a venda de dados por pressão da agência reguladora dos EUA, uma ideia mais amigável começa a ganhar força.
A Toyota registrou uma nova patente que pode mudar completamente a relação entre montadoras e donos de veículos quando o assunto é privacidade e remuneração.
A proposta é simples: se o carro já coleta dados enquanto roda, por que não permitir que o motorista receba uma compensação por isso?
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O sistema criado pela marca japonesa envolve uma estrutura automatizada de avaliação dos dados coletados.
Primeiro, o carro envia informações para os servidores da Toyota, que comparam os dados com uma espécie de tabela de preços previamente definida.
Se a informação for considerada útil — por contribuir com o aprimoramento dos sistemas de segurança ou condução autônoma —, o motorista receberá um valor proporcional à importância daquele dado.
Caso contrário, os dados são descartados e nenhuma compensação é feita.

Segundo a documentação da patente, a Toyota quer utilizar essas informações para treinar modelos de inteligência artificial e melhorar funcionalidades como frenagem automática, leitura de obstáculos e direção assistida.
A montadora alega que só dados reais, capturados em situações específicas e imprevisíveis, como animais cruzando a pista ou buracos em regiões pouco mapeadas, são eficazes nesse tipo de treinamento.
Entre os exemplos citados, há registros curiosos.
A gravação de um javali atravessando uma estrada em área montanhosa poderia valer dinheiro.
Já a passagem por um buraco nos EUA, mesmo que por apenas um segundo, também entraria na conta.
Há também menções a objetos caídos em vias secundárias ou registros de guinchos apenas em áreas do Japão.
O importante, segundo a Toyota, é captar situações que os sistemas atuais ainda não reconhecem bem — mas que motoristas humanos detectam com facilidade.
O ponto mais relevante, porém, é o consentimento.
O sistema descrito exige que o condutor aceite explicitamente o envio dos dados, podendo ativar ou desativar a função a qualquer momento, até mesmo antes de cada viagem.
Essa transparência, ausente na maioria dos sistemas atuais, pode ser o diferencial que faltava para tornar a coleta de dados mais ética e aceitável.
Apesar de não mencionar valores específicos, a Toyota reconhece o potencial econômico por trás da proposta.
Um estudo de 2021 já estimava que o mercado de dados automotivos poderia movimentar até US$ 400 bilhões por ano até 2030 — o equivalente a mais de R$ 2 trilhões na cotação atual.
Diante desse cenário, compartilhar os lucros com quem gera os dados pode ser uma saída estratégica para reduzir críticas e evitar novas sanções governamentais.
Se essa ideia realmente for adiante, a indústria automotiva pode estar prestes a inaugurar um novo modelo de relação com seus clientes — mais transparente, mais justo e, quem diria, até lucrativo para o motorista comum.
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