
A proposta da Toyota de gastar ¥4,7 trilhões (cerca de R$ 160 bilhões) para tirar do mercado a Toyota Industries gerou uma forte reação negativa entre investidores, especialmente do fundo ativista Elliott Investment Management, que considera a oferta muito abaixo do valor justo.
A polêmica gira em torno da diferença entre o valor oferecido pela Toyota e os ativos reais da empresa.
Segundo dados da Bloomberg, a Toyota Industries detém participações acionárias no valor de ¥5,6 trilhões — número que, sozinho, já se aproxima de seu valor total de mercado.
Isso significa que a proposta feita em junho representa um desconto de quase ¥1 trilhão (ou 16%) em relação ao valor de suas participações, sem considerar os ¥506 bilhões em caixa, equivalentes e investimentos de curto prazo que a empresa também possui.
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Fundada há quase 100 anos como uma fabricante de teares — e origem do atual império automotivo da Toyota — a Toyota Industries é vista como peça estratégica por manter grandes participações em outras empresas do grupo.
Desde que o plano de privatização foi anunciado, as ações da Toyota Industries subiram 38% no ano e fecharam recentemente a ¥17.725, bem acima da oferta de ¥16.300 por ação feita pelo grupo liderado por Akio Toyoda, herdeiro da família fundadora.
O fundo Elliott, que detém 5% das ações da empresa, está pressionando por uma reavaliação do negócio.
Fontes indicam que o fundo tem buscado apoio de investidores japoneses para barrar a proposta, que ainda precisa passar por etapas regulatórias e aprovação dos acionistas minoritários.
Em carta enviada em agosto às diretorias da Toyota Motor e da Toyota Industries, um grupo de investidores questionou a falta de transparência do processo e criticou o que chamou de “metodologia opaca de avaliação”.
Entre os pontos destacados estão a ausência de negociação de preço, a participação de partes potencialmente conflitadas na votação dos minoritários e a falta de divulgação de projeções financeiras que justifiquem o valor ofertado.
Parte do desconforto também vem do fato de que a empresa responsável pela compra será uma companhia de propósito específico, com controle majoritário da Toyota Fudosan — empresa imobiliária da família Toyoda, que não é listada em bolsa.
Akio Toyoda, atual presidente da Toyota Fudosan e neto do fundador da Toyota Industries, deve investir pessoalmente ¥1 bilhão na nova estrutura, reforçando o caráter familiar e estratégico da operação.
A proposta, inicialmente prevista para ter início em dezembro, foi adiada para pelo menos fevereiro, após o processo de aprovação enfrentar atrasos por parte de órgãos antitruste em diversos países.
O porta-voz da Toyota Motor afirmou que a negociação do preço “é uma questão entre a Toyota Fudosan e a Toyota Industries”, enquanto representantes da Toyota Industries disseram estar mantendo “diálogos construtivos com todos os acionistas”.
Já a Toyota Fudosan informou estar acompanhando de perto os movimentos do mercado.
No Japão, é comum que empresas listadas mantenham participações cruzadas como forma de reforçar alianças comerciais, mas o caso da Toyota Industries reacendeu o debate sobre governança, valorização de ativos e direitos dos acionistas minoritários.
Com bilhões em jogo e um legado familiar em disputa, a batalha entre a tradição da Toyota e os interesses do mercado está longe de terminar.
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