A construção da primeira fábrica de automóveis elétricos da BYD no Brasil, localizada em Camaçari, Bahia, está no centro de uma série de denúncias envolvendo condições de trabalho degradantes, maus-tratos e violações de direitos trabalhistas.
Trabalhadores chineses contratados por empresas terceirizadas relatam jornadas extenuantes, falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), alojamentos precários e até mesmo agressões físicas.
De acordo com relatos recebidos pela Agência Pública, operários enfrentam:
– Jornadas de 12 horas diárias, sem descanso semanal, em contrariedade à legislação trabalhista brasileira.
– Falta de água potável, levando trabalhadores a beber água de poças no canteiro de obras.
– Agressões físicas, incluindo socos e chutes de supervisores chineses, usados como forma de disciplina em caso de atraso nas tarefas.
– Alojamentos insalubres, com banheiros sujos, espaços superlotados e falta de separação entre homens e mulheres.
Imagens e vídeos obtidos pela reportagem mostram as condições degradantes e os maus-tratos, com operários trabalhando descalços e sem capacetes obrigatórios.
Intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT)
O MPT da Bahia abriu um inquérito para apurar as denúncias e realizou uma inspeção no dia 11 de novembro, com apoio da Polícia Federal. Entre as ações exigidas estão a apresentação de contratos de trabalho, relatórios de saúde ocupacional e adequação das condições de segurança.
De acordo com o procurador Bernardo Guimarães, “as informações apontam para a necessidade de correção imediata para garantir a saúde e a segurança dos empregados”. O MPT não descarta novas inspeções.
Resposta da BYD e Contexto Econômico
A BYD admitiu “inconformidades” e afirmou ter exigido ações corretivas das terceirizadas, incluindo a Jinjiang Group, responsável pela terraplanagem. A montadora destacou que opera há 10 anos no Brasil seguindo as leis locais e reforçou que as obras atendem às normas legais.
A fábrica representa um investimento de R$ 5,5 bilhões, com potencial de gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos. A CEO global da BYD, Stella Li, visitará o local no início de dezembro para anunciar um novo aporte de R$ 3 bilhões.
As denúncias levantam questões sobre a fiscalização em grandes projetos de infraestrutura e o tratamento de trabalhadores estrangeiros em solo brasileiro.
Enquanto as investigações avançam, o caso expõe as tensões entre expansão econômica e respeito aos direitos humanos, exigindo respostas concretas das autoridades e da BYD.
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