
A gigante da mineração Fortescue deu um passo histórico na eletrificação do transporte pesado com a estreia oficial de dois trens elétricos autossuficientes, conhecidos como “Infinity Trains”.
As locomotivas começaram a operar esta semana nas minas da empresa na região de Pilbara, na Austrália, e representam um marco na transição para operações livres de emissões.
Equipados com colossais baterias de 14,5 MWh, os trens foram carregados apenas uma vez com energia da rede elétrica antes de entrarem em operação.
A partir daí, a proposta é que eles se mantenham funcionalmente carregados para sempre — tudo graças a um sistema inteligente de regeneração via gravidade.
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Desenvolvido em parceria com a Progress Rail (divisão da Caterpillar) e a Downer Group, o projeto já havia sido anunciado em 2022 como o primeiro trem de carga capaz de recarregar completamente suas baterias ao descer carregado pelas linhas férreas.

Na prática, o Infinity Train usa a energia gerada pelas frenagens em trechos de descida — quando transporta minério — para recarregar suas baterias.
Essa energia é suficiente para alimentar a viagem de retorno, agora com os vagões vazios, sem necessidade de carregamento externo.
Com isso, elimina-se a dependência de diesel, infraestrutura de recarga ou mesmo fontes renováveis adicionais.
A Fortescue afirma que a operação desses trens deve eliminar mais de 82 milhões de litros de diesel por ano — o equivalente a cerca de 235 mil toneladas de CO₂ — o que representa, sozinho, 11% das emissões diretas (escopo 1) da empresa.
A estreia operacional veio após um teste de 1.100 km entre Perth e Pilbara, onde o protótipo demonstrou capacidade total para enfrentar as exigências de uma operação de transporte de minério em larga escala.

“Não é todo dia que você dá boas-vindas não a um, mas a dois dos maiores trens elétricos a bateria do mundo”, celebrou o CEO da Fortescue Metals, Dino Otranto.
A CEO da Fortescue Zero, Ellie Coates, também destacou o feito como um avanço concreto rumo ao objetivo da empresa de operar com emissões zero reais — o chamado “Real Zero”.
Esse modelo de trem regenerativo aproveita um conceito que já era explorado em caminhões de mineração em áreas montanhosas desde pelo menos 2017, mas que agora foi elevado a outro nível com aplicação em trens pesados.
Com quase 400 km de trilhos dedicados à extração de minério de ferro, a Fortescue conseguiu adaptar o sistema ferroviário às condições topográficas da região, usando a descida como fonte de energia.
Além de reduzir custos operacionais, o projeto se posiciona como uma solução escalável para outras operações industriais que exigem transporte intenso e rotas com variações de altitude.
Os trens elétricos Infinity reforçam como a eletrificação, aliada à inteligência operacional, pode ir muito além de carros de passeio.
E mostram que, com tecnologia, até a força da gravidade pode virar combustível.
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