
Um erro de R$ 39 custou uma aposentadoria inteira de quase R$ 480 mil a um motorista de ônibus em Kyoto, Japão.
Após 29 anos de serviço prestado ao transporte público da cidade, o trabalhador de 58 anos foi demitido por ter embolsado uma nota de 1.000 ienes (cerca de R$ 39) do caixa de tarifas.
A decisão não apenas encerrou sua carreira, como também resultou na perda completa do pacote de aposentadoria, estimado em US$ 84 mil.
O caso ocorreu em 2022 e foi registrado por uma câmera de segurança do ônibus.
Ao revisar as imagens, a chefia do Departamento de Transporte Municipal de Kyoto identificou que, ao receber o pagamento de uma passagem por um grupo de passageiros, o motorista guardou o dinheiro no bolso em vez de depositá-lo na caixa de tarifas.

Quando confrontado, o funcionário negou a acusação, apesar da gravação.
A punição foi contestada judicialmente, mas nesta semana a Suprema Corte do Japão bateu o martelo: o motorista perderá, sim, o valor integral de sua aposentadoria.
A decisão causou indignação nas redes sociais e entre parte da opinião pública, tanto no Japão quanto no exterior, especialmente porque o trabalhador já havia vencido em uma instância anterior.
As autoridades de Kyoto justificaram a demissão alegando que o roubo, por menor que fosse, representava uma quebra de confiança inaceitável.
“Cada motorista trabalha sozinho e lida com dinheiro público. Se medidas rigorosas não forem aceitas, isso pode gerar descuido e corroer a confiança da população”, afirmou Shinichi Hirai, porta-voz do transporte local, ao Japan Times.

Para agravar ainda mais o cenário, a prefeitura alegou que o motorista já havia recebido advertências anteriores durante sua carreira — incluindo uma por fumar cigarro eletrônico dentro de um ônibus vazio enquanto estava de plantão.
Ainda assim, muitos consideram a punição desproporcional e draconiana.
A situação escancara o rigor do sistema de justiça japonês e reacende discussões sobre a falta de proporcionalidade nas punições corporativas no país.
“Roubar não se justifica, mas tirar de alguém 29 anos de trabalho e sua aposentadoria inteira por conta de uma nota de mil ienes é cruel”, disse um comentarista nas redes.
O caso também provocou comparações irônicas com outros escândalos financeiros no país, como o do ex-CEO da Nissan, Carlos Ghosn, acusado de desvio de milhões e que acabou fugindo do Japão escondido em uma caixa de instrumentos musicais.
Nesse contexto, a história do motorista parece ainda mais absurda. E você, o que acha? Uma nota de R$ 39 deve sim pesar mais do que quase três décadas de serviço público impecável?

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