
A clássica lição que aprendemos na infância – “nunca entre no carro de um estranho” – virou piada pronta com a ascensão de aplicativos como Uber e 99.
Mas por trás da conveniência moderna, existe uma sombra que continua crescendo: a insegurança enfrentada por passageiras em todo o mundo.
De acordo com o relatório de segurança da Uber nos Estados Unidos, divulgado com dados de 2021 e 2022, 36 pessoas perderam a vida em casos de agressão física durante corridas.
O mais alarmante? Mais da metade das vítimas eram os próprios motoristas. E em quase metade dos casos, o assa ssino não era nem o condutor nem o passageiro.
Isso sem contar os 2.717 casos de agressão se xu al reportados no mesmo período.
Embora esse número represente uma queda em relação ao relatório anterior (que contabilizou quase 6 mil casos), ele ainda é estarrecedor.
É nesse contexto que a Uber decidiu agir. A empresa anunciou que lançará nas próximas semanas um recurso chamado “Preferência por Mulheres” em três cidades dos Estados Unidos: Detroit, Los Angeles e San Francisco.
E o sistema virá ao Brasil em breve, segundo o site de imprensa da Uber.
A novidade permitirá que passageiras optem por serem atendidas exclusivamente por motoristas mulheres. A opção aparecerá no momento da solicitação da corrida e poderá ser ativada também nas configurações do aplicativo.
Se não houver motoristas do sexo feminino disponíveis, a passageira poderá decidir se quer esperar mais ou aceitar um motorista homem.
A medida não é unilateral. As motoristas também poderão ativar uma função semelhante, para aceitar apenas passageiras mulheres durante seus turnos – especialmente à noite, quando os riscos e o desconforto tendem a ser maiores.
A função, claro, é opcional, e pode ser desativada a qualquer momento para não impactar negativamente os ganhos.
Essa iniciativa já havia sido testada pela primeira vez em 2019, na Arábia Saudita, país onde questões de gênero costumam gerar grande controvérsia. Desde então, o recurso foi expandido para 40 países e agora chega ao maior mercado da Uber: os Estados Unidos.
Segundo a empresa, o plano é ampliar o uso da função para outras regiões americanas nos próximos meses.
Embora o Uber insista que a grande maioria das corridas ocorra sem incidentes, os números não mentem – e eles assustam.
O lançamento desse recurso é uma admissão clara de que as plataformas de transporte ainda têm um longo caminho pela frente no que diz respeito à segurança das mulheres.
A esperança agora é que o gesto seja mais do que simbólico e que efetivamente ofereça às usuárias a tranquilidade que o transporte público e privado muitas vezes falham em garantir.
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