Um número crescente de americanos com financiamento automotivo está devendo mais do que o valor atual de seus veículos, segundo dados da Edmunds para o terceiro trimestre de 2024.
O fenômeno conhecido como “negative equity” – ou “crédito negativo” – alcança novos patamares no país, sinalizando preocupações tanto para o mercado quanto para os consumidores.
O levantamento mostra que 24,2% dos veículos usados como entrada na compra de carros novos no terceiro trimestre de 2024 apresentavam saldo devedor superior ao valor de mercado, um aumento em relação aos 23,9% do trimestre anterior e aos 18,5% do mesmo período em 2023.
Além disso, o valor médio dessa diferença subiu para o recorde de US$ 6.458, superando os US$ 6.255 do segundo trimestre de 2024, e os US$ 5.808 do terceiro trimestre de 2023.
Dos consumidores com crédito negativo, 22% devem mais de US$ 10.000, enquanto 7,5% devem mais de US$ 15.000.
Jessica Caldwell, chefe de insights da Edmunds, destaca que embora um saldo negativo modesto seja administrável, os valores expressivos que vêm crescendo representam um risco financeiro significativo.
Ela explica que o problema reflete tanto fatores de mercado como decisões financeiras pessoais. Entre os motivos, Caldwell menciona a crise de estoque entre 2021 e 2022, que levou muitos consumidores a pagar acima do preço de tabela dos veículos, dificultando a redução do saldo de seus financiamentos.
Além disso, incentivos de montadoras estão voltando, o que derruba o valor de troca de veículos quase novos.
Por outro lado, consumidores têm optado por prazos de financiamento mais longos, o que reduz a parcela mensal, mas eleva o risco de crédito negativo quando o carro é trocado antes do fim do contrato.
Outro ponto preocupante é a abrangência do crédito negativo em diversos tipos de veículos. No terceiro trimestre, SUVs médios, SUVs compactos e caminhonetes representaram 19,5%, 17,3% e 10,3%, respectivamente, dos veículos negociados com saldo negativo.
Ivan Drury, diretor de insights da Edmunds, afirma que o problema não é exclusivo de consumidores de veículos de luxo; ele se espalha por modelos e categorias variadas.
Drury também orienta que os consumidores mantenham seus veículos por mais tempo e realizem manutenção preventiva para evitar depreciação acelerada.
Aqueles que precisam trocar de veículo em breve devem ter cautela, optando por financiamentos mais curtos e por modelos com alto valor de revenda e baixo custo de operação.
As estatísticas da Edmunds mostram que o crédito negativo atingiu níveis alarmantes em comparação aos últimos anos, revelando uma tendência crescente de consumidores endividados.
Em 2019, por exemplo, 34% dos financiamentos apresentavam saldo negativo, com um valor médio de US$ 5.251, mas esses números caíram em 2020 e 2021 antes de retomarem o crescimento recente.
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