
A expansão dos veículos elétricos nos Estados Unidos pode enfrentar um obstáculo bem mais doméstico do que se imaginava: o estado das garagens americanas.
Segundo um novo relatório da agência de análise estratégica Telemetry, baseada em Michigan, milhões de futuros compradores de EVs terão que repensar o uso dos espaços em casa — e, em muitos casos, investir milhares de dólares em infraestrutura elétrica.
O motivo? Boa parte das residências não conta com acesso fácil a uma tomada de 240 volts perto do local onde os carros ficam estacionados.
E mesmo entre os que possuem garagem, cerca de um terço sequer consegue utilizá-la para guardar o veículo, segundo o estudo.
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A solução imediata? Abrir espaço. “Você pode colocar um carregador do lado de fora ou simplesmente reorganizar sua garagem”, diz Sam Abuelsamid, vice-presidente de pesquisa da Telemetry.

O especialista reforça que o comportamento do consumidor precisará mudar se o país quiser acompanhar o ritmo de eletrificação da frota.
O relatório aponta que os carregadores rápidos — conhecidos como Level 3, capazes de recarregar boa parte da bateria em menos de meia hora — representam menos de 4% das redes privadas nos EUA e no Canadá.
E instalar um desses pode custar até US$ 70 mil. Já os carregadores domésticos do tipo Level 2, os mais indicados para uso residencial, são mais acessíveis, mas ainda exigem uma estrutura elétrica compatível.
Mesmo assim, a Telemetry estima que entre 4,7 milhões e 31,9 milhões de lares nos EUA precisarão instalar carregadores residenciais até 2035, conforme os EVs avancem e passem a representar entre 20% e 44% das vendas de veículos novos no continente.
A boa notícia é que 42% dos americanos já estacionam perto de pontos com acesso elétrico que podem ser adaptados. E esse número pode saltar para 68% se os moradores se dispuserem a liberar espaço nas garagens.
O desafio maior está nos lares alugados. Apenas 11% dos novos compradores de EVs que vivem em edifícios multifamiliares dizem ter acesso a carregamento em casa.
Como 80% das recargas ainda ocorrem em residências, a limitação estrutural se torna um freio para a popularização dos carros elétricos entre os inquilinos.
Para piorar, a instalação de carregadores em casas mais antigas pode exigir a troca do painel de disjuntores, muitas vezes limitado a 100 amperes.
E se o painel elétrico estiver longe da garagem, o custo com cabeamento e mão de obra pode elevar a conta em centenas ou até milhares de dólares.
Mesmo assim, a expectativa da Telemetry é de que o mercado de EVs mais que dobre nos próximos 10 anos.
O crescimento recente foi impulsionado por uma corrida às concessionárias após o anúncio do fim do crédito fiscal de US$ 7.500, derrubado pelo governo Trump no projeto de lei apelidado de “One Big, Beautiful Bill”.
Segundo a Cox Automotive, o mês de julho foi um dos melhores da história em vendas de EVs, com mais de 130 mil unidades emplacadas, um salto de 20% em relação ao ano anterior.
No entanto, esse crescimento ainda está longe de ser uniforme. Como explica Lenny LaRocca, da KPMG, o mercado ainda sofre com preços elevados e a persistente ansiedade sobre a autonomia dos veículos.
Para atender à demanda prevista até 2035, a Telemetry calcula que será necessário investir entre US$ 132,6 bilhões e US$ 143,1 bilhões em infraestrutura de carregamento, somando redes públicas e privadas.
No fim das contas, o futuro dos elétricos nos EUA não depende apenas da vontade de comprar, mas também da capacidade de carregar. E, para isso, talvez o primeiro passo seja abrir espaço na garagem.
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