
Se depender da Universidade de Michigan, o maior vilão dos carros elétricos — o frio extremo — pode estar prestes a perder força.
Engenheiros da instituição desenvolveram um novo processo de fabricação de baterias que promete carregamentos muito mais rápidos, maior durabilidade e desempenho mais consistente, mesmo sob temperaturas negativas.
O inverno é conhecido por colocar os EVs em apuros: carregamento mais lento, autonomia reduzida e maior esforço do sistema para manter o desempenho.
Mas os pesquisadores americanos encontraram uma solução bastante criativa: vestir a bateria com uma espécie de “casaco tecnológico”.
“O carregamento de uma bateria de EV leva de 30 a 40 minutos, mesmo com carga rápida agressiva, e esse tempo sobe para mais de uma hora no inverno”, explicou Neil Dasgupta, professor associado de engenharia mecânica e ciência dos materiais da universidade. “Queremos eliminar esse ponto crítico.”

A equipe desenvolveu um revestimento especial de apenas 20 nanômetros de espessura — algo próximo de 5 mil vezes mais fino que um fio de cabelo — feito com borato-carbonato de lítio.
Essa camada atua como um escudo protetor contra um fenômeno conhecido como “lithium plating”, uma cristalização que pode surgir na superfície do ânodo em condições adversas, como carga rápida, temperaturas baixas ou altos níveis de carga.
Esse acúmulo afeta a durabilidade da bateria, compromete a segurança e desacelera o carregamento.
Em conjunto com um novo design de eletrodos mais eficientes — criados com uma arquitetura gravada a laser — o sistema permite um carregamento até 500% mais rápido que os padrões atuais.

Isso significa recarregar completamente um EV em menos de 10 minutos, tempo semelhante ao de um rápido abastecimento com gasolina. Mesmo após 100 ciclos de carga rápida, a bateria ainda mantém 97% da capacidade, o que representa um grande avanço em longevidade.
Outro ponto positivo é que os fabricantes de baterias não precisariam reformular completamente suas linhas de produção. “Imaginamos essa abordagem como algo que poderia ser adotado sem grandes mudanças nas fábricas existentes”, explicou Dasgupta.
“Pela primeira vez, mostramos um caminho viável para alcançar carregamento ultrarrápido em temperaturas baixas, sem comprometer a densidade energética da bateria.”
Atualmente, o desempenho dos EVs ainda sofre com desafios como infraestrutura de recarga, tempo de espera e ansiedade relacionada à autonomia.
Apesar dos avanços desde o lançamento do Nissan Leaf em 2011, muitos motoristas ainda recorrem a estratégias como desligar o ar-condicionado ou dirigir em ritmo de “hipermilhagem” para economizar energia.
A pesquisa da Universidade de Michigan, no entanto, pode indicar uma virada nesse cenário, tornando os carros elétricos muito mais eficientes — inclusive no auge do inverno.

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