Van autônoma de entregas se enrosca em uma moto, e vai arrastando ela pelas ruas, como se nada tivesse acontecido

Os veículos autônomos prometem um futuro mais seguro, livre dos erros humanos.

Mas, como mostram dois incidentes recentes na China, a teoria nem sempre se traduz perfeitamente em prática.

Uma van de entregas sem motorista, desenvolvida pela Jiushi Intelligent Technology Co., foi flagrada arrastando uma scooter elétrica em plena via urbana.

No dia seguinte, outro veículo da mesma empresa se envolveu em uma colisão traseira com um SUV parado.

A primeira ocorrência foi registrada em Xi’an, cidade localizada no centro-norte da China. Segundo o portal local Sina, a scooter estava caída na rua após um acidente anterior.

A van autônoma, ao tentar desviar do objeto, acabou enroscando parte do veículo de duas rodas em suas rodas — e seguiu viagem com o objeto preso, como se nada tivesse acontecido.

O mais curioso é que o vídeo do momento mostra a van seguindo em linha reta, mesmo com uma roda visivelmente travada. O comportamento levanta uma dúvida incômoda: e se, em vez de uma scooter, fosse uma pessoa ou um animal?

A empresa, por sua vez, afirmou que foi a primeira vez que algo assim aconteceu e prometeu revisar o algoritmo de navegação para que seus veículos aprendam a lidar melhor com obstáculos de formatos irregulares.

Como se não bastasse o arrastão do scooter, no dia seguinte — 9 de abril — outro modelo da mesma van colidiu com a traseira de um SUV Lynk & Co 08.

Dessa vez, o veículo estava em modo manual, sendo operado remotamente, o que significa que os sistemas autônomos estavam desligados.

Ainda assim, resta a pergunta: por que o operador decidiu colidir com um carro parado?

A batida aconteceu em baixa velocidade, e felizmente ninguém se feriu.

Autonomous delivery van drags scooter along
byu/MikeHeu inWTF

Mesmo assim, o episódio levanta preocupações sobre a confiabilidade dos sistemas de controle remoto — afinal, mesmo sem o “modo autônomo”, espera-se que a condução à distância tenha o mínimo de prudência.

A van autônoma da Jiushi foi lançada em 2024 com o título pomposo de “veículo logístico com direção autônoma mais avançado do mundo”. Ela não possui cabine ou cockpit — ou seja, é totalmente dependente de sensores e câmeras para navegar em ambientes urbanos.

Incidentes como esses mostram que, apesar do avanço tecnológico, ainda há um caminho considerável a ser percorrido antes que veículos sem motoristas sejam verdadeiramente confiáveis em cenários imprevisíveis.

Situações como uma scooter caída, por exemplo, exigem interpretação visual e tomada de decisão rápida — tarefas que os sistemas atuais de inteligência artificial ainda têm dificuldade para processar em tempo real.

A Jiushi garantiu que está revisando seus algoritmos para evitar que casos semelhantes se repitam.

A expectativa é que cada falha sirva como aprendizado, aprimorando o comportamento das vans diante de situações inusitadas.

Afinal, se a ideia é confiar a entrega de mercadorias (e, quem sabe no futuro, o transporte de pessoas) a veículos totalmente autônomos, é essencial que eles saibam distinguir entre um obstáculo inofensivo e um risco real — e que saibam agir com a sensatez que se espera até dos motoristas humanos mais distraídos.