Avaliação Ford Fusion SEL 2.5 2010: Conforto, estabilidade e acabamento ótimos

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Minha locadora de carros preferida é a Hertz, afinal, além dos melhores preços e do atendimento mais transparente, há ainda a probabilidade real de conseguir um upgrade no seu aluguel. Meu primeiro upgrade foi quando reservei um Sandero e me deram um Megane.

Da outra vez, reservei uma Palio Weekend e levei uma Meriva com ABS e Airbag. Porém, nada supera o meu último upgrade. Fiz a reserva de um Polo Sedan e levei nada menos do que um Fusion SEL 2.5 modelo novo (as fotos mostradas aqui são da versão V6).

Quando do lançamento do novo Fusion eu fiquei encantado com o design, de muito bom gosto e chama realmente bastante atenção. Eu já tinha a noção do tamanho do carro ao encontrar um estacionado ao lado do meu Ford Ka uma vez, mas confesso que fiquei novamente impressionado.

Ao assinar o contrato, ele estava lá me esperando para o checklist.

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De início achei a chave desagradável, um Gol tem uma chave canivete mais bonita e acho que a Ford poderia melhorar esse ponto. Talvez fosse chave reserva, mas ainda assim, era bem feia. No interior a cabine possui um espaço agradável e bom acabamento por todos os lados.

O couro dos bancos é de altíssima qualidade assim como as costuras em cinza, que dão um ar de requinte confirmado pelos apliques imitando fibra de carbono no painel.

Por falar em painel, pela quantidade de botões, me senti, com os devidos descontos, no cockpit de um avião.

Abaixo dos controles do ar-condicionado há dois botões, um para ligar/desligar o controle de tração e outro para fazer a alegria dos olhos alterando a iluminação dos pés e porta-copos em várias combinações possíveis. Seria interessante caso alterasse a cor da iluminação do painel também, ainda que o tom de azul claro seja de boa qualidade e visualização.

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Por falar em requinte, ao destravar as portas pelo controle remoto, acendem-se faróis, lanternas e luzes abaixo dos retrovisores para iluminar o chão próximo ao Fusion.

Lembrando que os retrovisores são fixos e, diante do tamanho do carro, acho um pecado contra o bolso do motorista, visto o tamanho da viatura. O rebatimento destes (ainda que não fosse elétrico) seria o mínimo a esperar.

Já ao abrir a porta, me deparo ainda com as quatro luzes de salão divididas em spots separados que, ao fechamento da porta, apagam-se depois de um tempo. Fazem isso sem a suavidade vista no Astra ou Vectra, mas ainda assim é suave.

Dentro dos para-sóis encontro espelhos com iluminação, excelentes para evitar que sua namorada te ofusque enquanto retoca a maquiagem, como acontece comigo no Ka.

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Não entendi esses para-sóis com a lateral externa dobrável, simplesmente não vi utilidade. Talvez seja por causa do ressalto no teto.

Senti falta da extensão do para-sol presente nos coreanos Azera e Mangentis para cobrir uma área maior e, com isso, proporcionar mais conforto, visto que a incidência de luz solar nem sempre está aonde a Ford quer.

Narcisismo. Girar a chave é um espetáculo à parte, a iluminação do painel acende em dois tons, primeiro os indicadores do ponteiro em branco e depois o resto dos marcadores em um tom azul de muito bom gosto.

Os ponteiros varrem os mostradores e a indicação “Ford Fusion” aparece no visor no meio do painel, que serve tanto para o ar digital quanto para o (excelente, diga-se de passagem) sistema de som Sony com 12 auto-falantes. Cabe aqui o comentário da minha companheira a respeito do fato do nome do carro aparecer no visor: “Que Narciso!” – disse ela.

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A regulagem do banco do motorista é elétrica, tanto em altura quanto em distância e inclinação. O passageiro conta com ajuste de altura e inclinação também, um luxo. Há ainda regulagem lombar manual para o motorista.

Gostei do range da altura do banco, você pode dirigir como se estivesse em um esportivo, colado no chão ou então (quase) como se estivesse em um aventureiro urbano. De qualquer forma, enquanto a visibilidade traseira é muito ruim pelo retrovisor central, os laterais são excelentes.

Felizmente existem sensores de estacionamento. Por falar nos sensores, quando eles estão em atividade, aparece no computador de bordo a opção de desligá-lo ou não.

Eu não recomendo. No trânsito pelo retrovisor central é possível ver apenas o teto dos outros carros, é estranho para quem veio de um compacto, mas com o tempo você se acostuma.

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Engato o “D” no câmbio automático de 6 marchas, que possui as funções normais mais um “L” que, a meu ver, é útil apenas em descidas de serra.

Para descidas íngremes, o carro possui um assistente de descida que pode ser acionado por meio de um botão pequeno no lado esquerdo da alavanca. A direção é bem macia e progressiva, com comandos do rádio, do piloto automático e do computador de bordo, todos dispostos no lugar certo e bem intuitivos.

Os comandos do farol encontram-se à esquerda no painel, com as posições normais para luzes de posição, farol baixo e ainda um “A” para o acendimento automático dos faróis. Para ligar os faróis de neblina, puxe o botão.

Isso faz do Fusion um carro simples de ser operado? Não exatamente. A Ford concentrou os comandos de limpador, seta e farol alto em uma só haste à esquerda.

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Para acionar farol alto, puxe até estalar. Para o esguicho do limpador, aperte a extremidade da alavanca. E o limpador pode ser acionado em vários níveis girando a extremidade da alavanca. E cadê o sensor de chuva dona Ford?

Além disso, os botões do rádio são complicados e amontoados assim como os botões do ar-condicionado. Tentar regular o fluxo de ar ou mudar a equalização do som com o carro em movimento é um convite a testar os airbags frontais de duplo estágio.

Deixo para fazer isso no próximo sinal de trânsito, por enquanto desligo o ar e abro as janelas. Aliás, que tristeza, só o vidro do motorista tem one touch, lamentável.
Rédeas Soltas.

Após um engarrafamento monstro, vejo a pista do Aterro do Flamengo livre para eu soltar as rédeas dos 173 cavalos que residem abaixo do longo capô. Pé no fundo, o câmbio é esperto no kick down e reduz duas marchas. Um pequeno intervalo de latência e o motor despeja os 22,9 mkgf de força nas rodas de tração, fazendo a frente do carro levantar e o meu corpo colar no banco com vontade.

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Continuo acelerando e as trocas de marcha são feitas em tempo ínfimo, permitindo que em poucos segundos o Fusion já esteja beirando os limites do bom senso devido ao tráfego. Hora de subir no freio e deixar os discos nas 4 rodas com ABS e auxílio de frenagem reduzirem a velocidade para os 90 km/h permitidos na via.

Passado o radar, novo kick down e novamente meu corpo é empurrado pra trás enquanto o ponteiro do velocímetro varre o mostrador com a mesma intensidade que minha musculatura cardíaca trabalha incentivada pela adrenalina que corre pelas minhas veias, esta fluindo com a mesma pressão da gasolina sendo injetada nas câmaras de compressão.

Avisto o retorno alguns metros à frente, hora de frear forte e sentir o pedal trepidar mostrando que o ABS não está ali para brincadeira. Retorno feito, mais um kick down para me adequar à velocidade dos outros carros e outro empurrão violento contra o banco, nisso reparo que os outros carros parecem estar parados enquanto eu acelero o Fusion.

Engarrafamento à frente, hora de fechar os vidros, ligar o ar-condicionado e curtir o isolamento acústico no qual a Ford trabalhou cuidadosamente.

A imponência do Fusion atrai todos os olhares no engarrafamento, seja dos passageiros do ônibus ao lado, dos ambulantes vendendo água ou ainda dos carros engarrafados no sentido contrário da via.

Além de ser espetacularmente bonito e ter um tamanho avantajado, o fato de ainda ser incomum no nosso trânsito ajuda no fato de eu ser o centro das atenções. Nesse momento começa a chover e noto como os limpadores são eficientes, ainda que não sejam do tipo flat blade.

Novamente resmungo o fato de não haver acionamento automático destes, paciência. Há um botão com símbolo de telefone no rádio e, visando usá-lo, habilito o bluetooth do meu celular inutilmente, afinal, o botão serve de enfeite, não é um viva-voz.

Os retrovisores com desembaçamento são bem-vindos, item que devia ser de série em todos os carros. E admiro a qualidade do ar-condicionado, que manteve a temperatura agradavelmente fria que escolhi sem deixar congelar minha companheira, devido ao fato de ser dual temp.

Quanto à ventilação, duas ressalvas. Primeiro o fato de não haver saída de ar central para os bancos traseiros, algo imperdoável em um carro com essa proposta e, segundo, a regulagem das saídas de ventilação é complicada, algo mais simples seria bem-vindo.

Os bancos são realmente confortáveis e acolhem bem o corpo, seja em curvas feitas no limite ou durante longos engarrafamentos. O apoio de braço central que abriga um porta-trecos enorme também é bem posicionado e tem boa altura.

Eu, com meus 1,90m fiquei bem posicionado no banco dianteiro, apenas desconfortável com minha perna direita encostando na quina do console central, o que causaria um pouco de desconforto em viagens longas, mas nada insuportável. No banco traseiro reside o problema. O teto é baixo e, para ficar com as costas totalmente apoiadas no banco, minha cabeça raspa no teto.

O espaço para as pernas é bom, mesmo sentado atrás do banco do motorista regulado pra mim. Os bancos são igualmente confortáveis e no apoio de braço residem porta-copos. O porta-malas é um latifúndio e conta com iluminação e alavanca anti-sequestro bem localizada.

O estepe é fino, apenas para uso emergencial. Por falar em reposição de pneus, há um bem-vindo sensor da pressão dos pneus, outro item que devia ser de série em todos os carros.

Sob chuva forte o carro é estável e praticamente alheio às poças que povoam as ruas. O controle de tração e estabilidade garante tranquilidade ao motorista mas, devido à solidez do carro, a impressão é de que mesmo se não existisse o auxílio eletrônico, não faria falta. Sobre piso irregular, a suspensão absorve bem as imperfeições apesar de ser um pouco dura e promover um certo sacolejo dentro do carro, perfeitamente tratados pelos bancos.

Não há maiores ruídos no interior do veículo além de um baque seco da suspensão em alguns buracos, porém, não é capaz de incomodar ou promover o aumento do tom de voz dos seus ocupantes. Convém ter atenção à altura do solo pois a dianteira é comprida à frente da roda e bem baixa, fazendo com que o carro raspe no chão na menor das valetas ou quebra-molas.

Como de praxe, fiz um teste de frenagem em uma rua de movimento zero próxima à minha casa. Na reta que vem logo depois da descida de um viaduto, cravei nos freios com asfalto molhado e o ABS trabalhou bem mantendo a trajetória sem problemas. Porém, os freios passam uma pequena sensação de letargia, apesar da forte desaceleração sentida dentro da cabine. Talvez a Ford devesse rever o dimensionamento dos freios para esse carro.

Repeti o teste de frenagem com piso seco e não houve alteração na sensação de preguiça dos freios. O ABS entra em ação repetidas vezes e parece meio cauteloso demais, mesmo em pista seca, o que pode assustar motoristas inexperientes por conta da trepidação excessiva do pedal. De qualquer forma, o pedal tem uma boa modulação e progressividade. Se faltar sorte ou espaço para frear, repito que o carro possui duplo airbag frontal de duplo estágio, além de airbags laterais e de cortina.

Quanto ao consumo, consegui em ciclo urbano uma média de 6.5 km/l de gasolina medidos no computador de bordo que sempre costuma dar uma arredondada pra cima. É um pouco indecente, mas se tratando dos meus testes de aceleração, dos engarrafamentos e do tamanho do carro e do motor, era esperado. Gostei de uma função no computador de bordo que funciona como um econômetro, composto por uma sequência de barrinhas em ascensão que acendem ou apagam conforme o consumo instantâneo de gasolina. Quanto mais barrinhas, maior a chance dos frentistas do posto te conhecerem pelo nome e não apenas por “doutor”.

No dia seguinte devolvi o Fusion à sua casa e confesso que vai deixar saudades. Os comentários dos atendentes da Hertz eram sempre os mesmos a respeito da beleza e imponência do carro. Realmente o Fusion é um carro superlativo, em todos os sentidos. Foi difícil voltar pro meu Ka. Porém, pelos aproximados R$ 80 mil que a Ford cobra por ele, eu tentaria conhecer novos horizontes, talvez um Azera ou Jetta.

Pontos positivos: Conforto, Estabilidade, Retomada, Acabamento, Espaço Interno
Pontos negativos: Freios, Consumo, Visibilidade

Texto de Marcelo Silva – www.direcaoassistida.com

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X