A Mercedes-Benz enfrenta um cenário desafiador com uma queda acentuada nas vendas de veículos elétricos (EVs) devido à intensa competição com rivais chineses de menor custo.

A montadora alemã revelou que, no terceiro trimestre de 2024, as vendas de veículos totalmente elétricos caíram 31%, com 42.544 unidades vendidas, enquanto as vendas de vans elétricas também registraram uma queda similar, totalizando apenas 4.375 unidades.

No acumulado até setembro, as vendas de carros elétricos apresentaram um declínio de 22%, enquanto as de vans caíram 16%.

A Mercedes-Benz atribui essa desaceleração à “concorrência intensiva” no mercado europeu de EVs, onde fabricantes chineses vêm ganhando espaço com veículos elétricos mais acessíveis.

O impacto dessa pressão tem gerado uma crescente tensão entre a União Europeia e a China. Em resposta ao aumento de veículos chineses no mercado europeu, a UE aprovou novas tarifas de até 45% sobre carros fabricados na China, argumentando que os subsídios do governo chinês conferem uma vantagem desleal.

Pequim reagiu elevando as tarifas de produtos europeus e pedindo que as montadoras chinesas suspendam temporariamente sua expansão na Europa.

Além da concorrência estrangeira, a Mercedes enfrenta uma retração no mercado interno. Na Alemanha, as vendas de EVs despencaram quase 70% em agosto, conforme apontado pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, o que reflete um enfraquecimento do interesse por carros elétricos no país.

Ao mesmo tempo, o segmento de híbridos plug-in da Mercedes registrou um aumento de 10%, totalizando 44.688 unidades vendidas no terceiro trimestre, o que indica uma preferência temporária dos consumidores por veículos que ainda utilizam parcialmente combustíveis fósseis.

Esse cenário de dificuldades também afetou o balanço geral da Mercedes-Benz, cujas receitas totais caíram 6% no trimestre, alcançando €78,5 bilhões.

A queda foi intensificada pela baixa demanda por modelos de luxo, como o S-Class e o Maybach, impulsionada pela desaceleração econômica na China, que afetou o consumo de itens de alto valor agregado. Esse declínio nas vendas de veículos de ponta resultou em uma queda de 48% no lucro operacional, que caiu para €2,52 bilhões.

Para enfrentar esse contexto, a Mercedes anunciou que intensificará as estratégias de corte de custos, com foco em aumentar a eficiência nas operações.

De acordo com o CFO Harald Wilhelm, a empresa “manterá uma postura cautelosa em relação à evolução do mercado” e continuará reforçando iniciativas para conter despesas.

Operando principalmente na Europa, onde os custos de mão de obra e energia são mais altos, a Mercedes enfrenta uma pressão adicional frente a competidores como a Tesla, que tem custos operacionais mais baixos em mercados como os Estados Unidos.

As ações da Mercedes-Benz sentiram o impacto e caíram até 3% na abertura do mercado na última sexta-feira, acumulando uma desvalorização de mais de 10% no ano.

O cenário reforça a necessidade de adaptação da montadora alemã para se manter competitiva no mercado global de EVs, enfrentando desde rivais chineses até os altos custos de produção europeus.