
A decisão da Volvo, anunciada em setembro do ano passado, de adiar sua promessa de se tornar uma marca 100% elétrica até 2030 parecia controversa na época.
Agora, oito meses depois, soa quase profética.
Os números mais recentes de vendas da montadora sueca revelam um cenário preocupante para os veículos totalmente elétricos: em abril de 2025, as vendas globais de EVs da Volvo caíram 32% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
A empresa, controlada pela chinesa Geely, comercializou apenas 11.697 veículos 100% elétricos no mês passado, contra 17.090 unidades vendidas em abril de 2024.

O desempenho fraco puxou para baixo todo o segmento eletrificado da marca, que inclui também os híbridos plug-in (PHEVs) e híbridos leves (MHEVs).
O total de vendas de modelos eletrificados caiu 16%, mesmo com uma leve alta de 2% nos PHEVs, que somaram 14.688 unidades. Os veículos com motorização híbrida leve e combustão interna também sofreram retração, com queda de 5%.
No total, a Volvo vendeu 58.881 veículos em abril, 11% a menos do que no mesmo mês de 2024.
E o impacto da queda foi tão significativo que comprometeu o desempenho do quadrimestre: entre janeiro e abril, as vendas de EVs caíram 20%, com 44.146 unidades entregues, enquanto o volume total da marca recuou 7%.

O curioso é que esses resultados decepcionantes vieram mesmo com o lançamento do EX30 — modelo mais acessível da linha elétrica da marca — nos Estados Unidos, e o início das entregas do SUV de luxo EX90, produzido na fábrica da Volvo em Charleston, Carolina do Sul.
Mas os impactos das tarifas impostas pelo governo Trump começaram a ser sentidos com força.
Embora o EX90 escape parcialmente por ser fabricado em solo americano, outros modelos como XC40, XC60, XC90 e o próprio EX30 são importados e, por isso, sofreram aumento de custo.
Para contornar esse cenário, a Volvo já prepara uma resposta: a produção local de mais um modelo nos EUA.

A expectativa é que um novo XC60 ou XC90 seja fabricado na unidade da Carolina do Sul, o que reduziria a exposição da marca às tarifas de importação.
Enquanto isso, o sedã S90 foi retirado do mercado americano, embora ainda esteja disponível na Ásia após o facelift.
A missão de liderar a reestruturação está nas mãos de um nome conhecido: Hakan Samuelsson, ex-CEO da empresa entre 2012 e 2022, voltou ao comando da Volvo em abril deste ano com um contrato de dois anos, após a saída de Jim Rowan.
A meta agora é estabilizar as operações e preparar o terreno para um sucessor definitivo, enquanto a marca tenta reencontrar o equilíbrio entre eletrificação, lucratividade e viabilidade em mercados cada vez mais imprevisíveis.
Seja apostando em híbridos ou diversificando a produção fora da China, a Volvo parece ter entendido que a transição elétrica precisa ser estratégica — e não apenas simbólica.

Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!