
A BYD, maior fabricante de carros elétricos da China e rival direto da Tesla, lançou um alerta dramático sobre o futuro do setor automotivo em seu país.
Segundo Stella Li, vice-presidente executiva da marca, o mercado chinês caminha para um verdadeiro “banho de sangue” após a decisão do governo de Pequim de endurecer contra a prática de descontos agressivos que sustentavam a guerra de preços entre montadoras.
“Alguns fabricantes serão empurrados para fora. Até mesmo 20 OEMs já seriam demais”, declarou Li durante o Salão de Munique.
Atualmente, cerca de 130 marcas disputam espaço no mercado de elétricos e híbridos na China, mas analistas estimam que apenas 15 delas seguirão financeiramente viáveis até 2030.
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A própria Xpeng, outra gigante do setor, já havia previsto que, globalmente, a indústria automotiva pode encolher para apenas dez grandes companhias na próxima década.
A medida do governo chinês faz parte da política contra o chamado neijuan (ou “involução”), termo usado para descrever guerras de preços que alimentam deflação e destroem margens de lucro.
Sem a possibilidade de atrair clientes com descontos pesados, muitas montadoras menores devem sucumbir diante da pressão.
Nem mesmo a BYD saiu ilesa. A empresa divulgou lucro líquido e receita abaixo do esperado no segundo trimestre, prejudicada tanto pela repressão estatal às práticas de alongamento de pagamentos a fornecedores quanto pela queda nos preços dos EVs.
O banco Citi revisou para baixo suas projeções de vendas para a marca: de 5,8 milhões de veículos previstos para este ano, agora estima apenas 4,6 milhões, contra 4,3 milhões vendidos em 2023.
Apesar disso, Stella Li se mostrou confiante de que a empresa continuará lucrativa.
Segundo ela, a consolidação beneficiará marcas com maior escala e tecnologia avançada, já que o consumidor passará a valorizar não apenas preço, mas também qualidade, experiência de condução e confiabilidade.
A tendência é que mais montadoras chinesas tentem expandir-se no exterior diante da saturação doméstica. A BYD já prepara sua fábrica na Hungria, com início de produção previsto ainda para este ano, embora o processo de escala seja mais lento.
Outras, como a estatal Changan, começaram a atuar no Reino Unido oferecendo modelos híbridos e elétricos a preços competitivos.
Nem todas, no entanto, estão com pressa de produzir localmente. A Leapmotor, que mantém uma joint venture com a Stellantis, estuda fabricar seu SUV elétrico B10 na Espanha, mas não descarta continuar exportando da China.
Para o executivo Tianshu Xin, os altos custos trabalhistas e energéticos tornam a produção europeia “super complicada”.
Enquanto isso, a Europa segue como destino preferido para as marcas chinesas, mas com novas barreiras tarifárias impostas por Bruxelas e custos mais altos de produção, a ofensiva fora da China pode não ser tão simples quanto parece.
O que é certo é que, no maior mercado de elétricos do mundo, a sobrevivência está cada vez mais restrita aos gigantes — e o número de competidores deve encolher drasticamente nos próximos anos.
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