
Um novo projeto de lei na Virgínia pode transformar a maneira como motoristas reincidentes em direção perigosa são punidos nos Estados Unidos.
Em vez de suspensões de carteira ou penas de prisão, o estado pretende instalar limitadores de velocidade obrigatórios em veículos de infratores que forem pegos dirigindo a mais de 160 km/h ou que acumularem múltiplas infrações por condução imprudente.
Batizado de Programa de Assistência Inteligente de Velocidade (ISA, na sigla em inglês), o sistema tornaria impossível que esses motoristas ultrapassassem o limite de velocidade da via, usando tecnologia já presente em muitos veículos modernos, como o reconhecimento de placas de trânsito.
O objetivo é claro: conter os excessos que resultam em milhares de mortes por ano no país — só em 2023, foram mais de 10 mil mortes relacionadas ao excesso de velocidade, sendo 449 apenas na Virgínia, além de mais de 13 mil feridos.
Se aprovado, o projeto colocaria a Virgínia como o primeiro estado norte-americano a adotar uma medida tão direta para conter abusos ao volante.
A lei ainda prevê que todos os custos do dispositivo recairiam sobre o motorista, e qualquer tentativa de burlar o sistema — seja ao tentar removê-lo ou dirigir outro veículo — será considerada crime, com pena de até um ano de prisão.
A proposta, criada pelo deputado estadual Patrick Hope, se inspira em iniciativas de entidades como Mothers Against Drunk Driving (MADD), Families for Safe Streets e o National Safety Council.
Hope, que testou um carro com o sistema de limitação automática de velocidade, afirmou que a tecnologia é simples, eficaz e impede completamente o motorista de ultrapassar o limite da via. “Vai tornar nossas ruas mais seguras”, afirmou.
Ainda assim, a proposta enfrenta questionamentos práticos. A fiscalização, por exemplo, não está claramente definida no texto da lei. Como garantir que o motorista não passe a usar outro carro sem o limitador?
Além disso, o projeto não se aplica a veículos comerciais — uma brecha considerável, já que motoristas profissionais também podem representar riscos nas vias.
O governador Glenn Youngkin fez uma emenda ao projeto, retirando a punição inicial de dois a seis meses de uso obrigatório do sistema, deixando esse prazo a critério dos tribunais estaduais.
Se o texto for aprovado pela Assembleia Geral da Virgínia, o programa entrará em vigor em julho de 2026.
Washington, D.C., já aprovou uma legislação parecida, que começa a valer em setembro deste ano, e outros estados como Maryland e Washington avaliam seguir o mesmo caminho.
A ideia é que, com a tecnologia limitando diretamente a possibilidade de acelerar, os motoristas mudem seus hábitos — embora não haja garantias de que a simples limitação mecânica vá educar, de fato, quem costuma pesar o pé no acelerador.
O tempo dirá se essa abordagem será eficaz ou apenas mais uma medida que motoristas encontrarão formas de contornar.
Mas uma coisa é certa: a paciência das autoridades com os apressadinhos do volante parece estar acabando.

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