A Volkswagen está prestes a investir pesado em inteligência artificial, apostando que essa tecnologia será a chave para resgatar sua imagem, recuperar eficiência e economizar bilhões.
O plano é ousado: desembolsar US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 6,2 bilhões) para implementar IA em praticamente todas as áreas da companhia — do desenvolvimento de software à produção industrial — com a expectativa de economizar cerca de US$ 5 bilhões ao longo da próxima década.
Quem lidera essa transformação é Hauke Stars, membro do conselho de TI do grupo, que declarou que a inteligência artificial será “a próxima etapa” na tentativa da Volkswagen de se tornar uma referência global em tecnologia automotiva.
A executiva descreveu a IA como “a chave” para acelerar o tempo de desenvolvimento, aumentar a qualidade e tornar o grupo mais competitivo em todos os níveis.
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A proposta da montadora, no entanto, parece contraditória em alguns pontos. De um lado, fala-se em uma aplicação “escalável, responsável e com benefícios industriais claros”.
Do outro, o lema interno já é direto: “nenhum processo sem IA”. A frase sugere uma transformação total, que levanta tanto entusiasmo quanto preocupações sobre os limites éticos e operacionais de tamanha automação.
Atualmente, a Volkswagen afirma ter mais de 1.200 aplicações de IA já em uso, com centenas de outras em fase final de implementação. Grande parte delas está voltada para o desenvolvimento virtual de peças e veículos, eliminando etapas caras e demoradas de prototipagem física.
A meta é reduzir o tempo total de criação de um novo modelo para até 36 meses — uma economia de aproximadamente um ano em relação ao processo atual.
Além do setor de engenharia, a IA também será expandida para o chão de fábrica. A empresa não deu muitos detalhes, mas afirma que a tecnologia ajudará a otimizar processos complexos e reduzir as emissões de CO₂.
A aposta vem em um momento delicado para a montadora, especialmente após os inúmeros problemas enfrentados com o software Cariad, que causou atrasos significativos em modelos como o ID. Golf e o SUV T-Sport.
Também houve um recall importante do ID.4 devido a falhas graves no software de controle das maçanetas, o que abalou a confiança dos consumidores na capacidade digital da marca.
Parte do novo plano envolve a ampliação de parcerias com empresas de tecnologia e até com concorrentes diretos. A Volkswagen participa de uma plataforma aberta que inclui nomes como BMW, Mercedes-Benz, BASF, SAP e ZF.
A ideia é transformar esse ecossistema colaborativo em uma referência para projetos futuros.
A empresa também se posiciona como defensora de uma regulamentação europeia mais flexível para o uso de IA.
Segundo Stars, a montadora busca incentivos governamentais para apoiar startups e centros de pesquisa, além de acelerar a aplicação prática de descobertas científicas no mercado automotivo.
No fim das contas, a Volkswagen parece estar tentando corrigir erros do passado com uma aposta total em IA. Se a estratégia funcionará, ainda é cedo para dizer.
Mas uma coisa é certa: a montadora quer garantir que, no seu futuro, não exista nenhum processo que funcione sem o toque de uma inteligência artificial.
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