
A Volkswagen está apostando em uma estratégia ousada para ampliar as vendas de seus veículos elétricos e híbridos: convencer trabalhadores a “sacrificar” parte do salário bruto para dirigir um carro novo da marca.
A proposta se chama “salary sacrifice” — ou sacrifício salarial — e funciona como um desconto direto na folha de pagamento, como acontece com planos de saúde ou previdência privada.
Na prática, o valor do carro é deduzido antes dos impostos, o que reduz a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição previdenciária, gerando economia para o funcionário e também para a empresa.
Essa economia, segundo a VW, pode ser revertida parcialmente em benefício do próprio trabalhador, que terá acesso a um carro novo com custos reduzidos e cobertura completa, incluindo manutenção, pneus e seguro.
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O modelo não é exatamente novo no Reino Unido.

Por décadas, os chamados “company cars” fizeram parte da cultura corporativa britânica, mas perderam força após mudanças fiscais que tornaram os carros a combustão menos vantajosos.
A retomada dessa prática está sendo impulsionada pelas novas regras para carros elétricos: enquanto um veículo a gasolina pode gerar imposto sobre benefício em espécie de até 30%, EVs e híbridos têm alíquota a partir de apenas 3%.
A mudança vem em um momento em que o governo britânico busca acelerar a transição energética.
A venda de novos carros a combustão será proibida a partir de 2030, embora híbridos ainda sejam permitidos por mais alguns anos.
O plano da Volkswagen, oferecido por meio da sua divisão financeira, vai além dos próprios modelos da marca: inclui também carros de outras montadoras, como o BMW iX1 e o Tesla Model 3, desde que estejam dentro dos limites de emissões exigidos.

Além de facilitar o acesso a carros elétricos, o programa promete reduzir os encargos sobre pensões públicas e seguros nacionais pagos tanto pelo empregado quanto pelo empregador, tornando o pacote mais atraente.
Ainda assim, críticos alertam para os riscos de amarrar o carro ao vínculo empregatício, o que pode dificultar a mobilidade profissional.
Afinal, perder o emprego significa também devolver o carro — ou ter que renegociar o contrato por conta própria.
A VW afirma que oferece suporte nesse tipo de transição, mas o fato de depender da empresa para manter o veículo levanta dúvidas sobre a autonomia real do trabalhador nesse modelo.
No fim das contas, a proposta da Volkswagen é simples e provocativa: troque parte do seu salário por um carro novo, economize nos impostos e entre no universo dos elétricos com menos dor no bolso — mas não sem abrir mão de certa liberdade.
Se vai vingar ou não, depende da disposição dos britânicos em aceitar que o próximo carro da vida possa vir com o carimbo do RH.
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