Depois de anos surfando numa onda de otimismo alimentada por promessas futuristas, Elon Musk e sua Tesla parecem finalmente estar colhendo os frutos amargos de decisões questionáveis — tanto comerciais quanto políticas.

Se em 2023 o Model Y chegou a ser o carro mais vendido da Europa, agora, em 2025, a Tesla vê suas vendas despencarem enquanto a Volkswagen avança com força total no mercado de carros elétricos.

De acordo com dados da JATO, uma das mais respeitadas consultorias do setor automotivo, as vendas da Tesla no continente caíram 38% no primeiro trimestre de 2025, somando 53.237 unidades emplacadas.

No mesmo período, a Volkswagen registrou 65.679 vendas de EVs — um salto impressionante de 157% em comparação ao ano anterior.

Mesmo que o Model Y ainda figure como o elétrico mais vendido, ele já não aparece nem entre os dez carros mais emplacados do trimestre.

E embora a Tesla tenha conseguido superar a Volkswagen em março (27.828 contra 25.544 unidades), a tendência indica uma reversão de liderança no médio prazo.

O mais preocupante para a marca americana é que, caso o ritmo atual se mantenha, a BMW também poderá ultrapassá-la muito em breve.

O recado do mercado europeu é claro: o domínio da Tesla está em xeque. E o cenário é ainda mais desafiador com a proximidade da divulgação dos resultados financeiros da empresa.

A queda nas vendas já deve estar parcialmente precificada pelas ações, mas o que realmente preocupa investidores e analistas é o que está por vir.

Fatores não faltam para explicar essa virada.

Além da linha de modelos envelhecida e da resistência em renovar o portfólio com velocidade, há também a figura de Elon Musk — hoje muito mais associado a polêmicas políticas e discursos polarizadores do que à imagem de visionário da tecnologia que antes encantava investidores e consumidores.

A conexão direta de Musk com movimentos conservadores e seu envolvimento em decisões polêmicas nos bastidores do governo americano podem estar afastando o público europeu, tradicionalmente mais sensível a posicionamentos ideológicos.

Enquanto a Volkswagen colhe os frutos de uma estratégia focada em variedade, eficiência e produção local, a Tesla precisa lidar com os efeitos colaterais de sua dependência de uma figura cada vez mais controversa.

Como diz o velho ditado, quem joga jogos tolos acaba ganhando prêmios igualmente tolos — e o prêmio atual da Tesla pode ser a perda da coroa no mercado que um dia dominou.

Resta saber se a empresa terá tempo (e humildade) para ajustar o rumo antes que a concorrência engula o que restou da vantagem pioneira.