A Volvo anunciou nos últimos dias um corte significativo de pessoal, com a eliminação de 3 mil cargos — a maioria de natureza administrativa — como parte de um plano agressivo de reestruturação.
A decisão ocorre em meio a uma conjunção de desafios que incluem custos operacionais elevados, queda na demanda por veículos elétricos e incertezas ligadas a tarifas comerciais internacionais.
O retorno do ex-CEO Håkan Samuelsson ao comando da montadora sueca coincidiu com o anúncio de um programa para reduzir os custos da empresa em 18 bilhões de coroas suecas (aproximadamente US$ 1,9 bilhão).
Para isso, uma das primeiras medidas é o enxugamento de 15% de seus quadros de funcionários administrativos — uma reestruturação que afetará áreas como pesquisa e desenvolvimento, comunicação, recursos humanos e outras.
“É uma redução considerável, e necessária para nos tornarmos mais eficientes”, afirmou Samuelsson à Reuters. Segundo o novo CFO da companhia, Fredrik Hansson, embora todas as áreas e localidades da Volvo sejam impactadas, a maior parte das demissões ocorrerá na sede da empresa, em Gotemburgo, na Suécia.
O corte implicará em um custo único de reestruturação de 1,5 bilhão de coroas, o equivalente a 900 milhões de reais.
A decisão ocorre em um contexto onde a montadora tenta se tornar mais ágil e competitiva em um mercado cada vez mais turbulento e instável.
A empresa também sofre pressão com sua baixa rentabilidade: suas ações acumulam queda de 24% no ano, embora tenham registrado alta de 3,6% nesta segunda-feira — antes da notícia sobre as demissões ser oficialmente divulgada.
Além dos problemas internos, a Volvo se vê no centro de uma disputa tarifária internacional.
Com a produção concentrada na Europa e na China, a fabricante está vulnerável aos novos impostos anunciados pelos Estados Unidos, especialmente os sugeridos pelo ex-presidente Donald Trump, que ameaça impor tarifas de até 50% sobre carros importados da União Europeia a partir de julho.
A Volvo já declarou que tais tarifas podem inviabilizar a exportação de seus modelos mais acessíveis para o mercado americano.
Analistas do banco sueco Handelsbanken consideraram a medida dentro do esperado, mas destacaram que a iniciativa é um passo necessário para dar fôlego à Volvo em meio à retração global da indústria automotiva, causada pela inflação persistente, baixa confiança dos consumidores e uma guerra comercial cada vez mais agressiva.
A empresa informou que pretende finalizar sua nova estrutura organizacional até o outono europeu, o que marca um período de transição importante para o futuro da marca.
Resta saber se os cortes serão suficientes para devolver à Volvo a capacidade de crescer de maneira sustentável num cenário cada vez mais competitivo e imprevisível.
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