A Volkswagen parece finalmente ter aprendido uma lição básica de marketing: não se joga fora décadas de reconhecimento de marca sem motivo.
Desde que lançou o ID 3 na Europa em 2017, a marca apostou todas as fichas no prefixo “ID” para seus veículos elétricos, tentando construir uma nova identidade para a era da eletrificação.
Mas agora, em 2026, a montadora vai dar um passo atrás e abandonar essa estratégia, retomando nomes tradicionais como Golf, Polo e Passat para seus modelos elétricos.
A decisão foi confirmada por Martin Sander, responsável por vendas e marketing da Volkswagen, em entrevista à publicação alemã Auto und Wirtschaft.
Segundo ele, a mudança se deve à constatação de que os consumidores acham a nomenclatura ID confusa e distante da tradição da marca.
Faz todo sentido: quem comprou um Golf ou um Polo durante 30, 40 ou 50 anos não quer reaprender uma nova lógica de nomes alfanuméricos sem história.
Modelos como Passat, Jetta, Polo e até mesmo o simpático Lupo carregam uma carga emocional e cultural que simplesmente não se constrói do zero com nomes frios como ID 4 ou ID 7.
E num momento em que a Volkswagen quer convencer consumidores conservadores a migrar para veículos elétricos, não faz sentido criar mais uma barreira para essa transição.
Nos Estados Unidos, onde o prefixo ID não decolou de verdade, a mudança chega tarde, mas ainda em tempo. Até agora, a VW norte-americana só trouxe o ID 4 e o ID Buzz, sem grande sucesso.
Já mercados europeus receberam uma enxurrada de SUVs e sedãs elétricos com a marca ID, mas sem o impacto esperado.
A volta de nomes como Polo e Lupo para os futuros modelos compactos elétricos é uma forma inteligente de reconectar com o público.
O caso do Golf é emblemático. A Volkswagen já trabalha no desenvolvimento de uma nova geração totalmente elétrica do hatch, que deve liderar essa nova fase.
Para mercados fora da Europa, como o Brasil, essa estratégia também pode ajudar a diminuir a rejeição inicial aos EVs, mantendo o fator de familiaridade que facilita a aceitação.
Mais do que uma simples mudança de nome, a decisão mostra uma Volkswagen tentando corrigir um erro estratégico: achar que os consumidores estavam prontos para uma ruptura total com a tradição.
No fim das contas, nomes tradicionais são um ativo valioso, fruto de décadas de investimento em imagem e qualidade percebida.
Se a Volkswagen acertar, pode até ditar uma nova tendência e inspirar outras marcas a abandonarem as confusas siglas e números em favor de nomes com identidade real.
Afinal, se até o futuro da mobilidade depende de um bom nome, a volta do Golf e do Polo elétricos será mais do que nostalgia — será uma jogada de sobrevivência.
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