A Jaguar, marca que por décadas foi sinônimo de elegância britânica e carros esportivos de luxo, chega a um ponto terrível neste fim de 2024.
Reconhecida por seus designs icônicos e sedãs de alto desempenho, a empresa agora se encontra em uma encruzilhada após descontinuar quase toda a sua linha de veículos, mantendo apenas o SUV F-Pace.
Sim, o restante da linha, formada pelos modelos E-Pace, I-Pace e F-Type ainda aparece tanto no site da marca no Brasil, quanto em seus sites internacionais, mas deixaram de ser produzidos no último mês de junho.
Parte do declínio da Jaguar se deve a uma sequência de trocas de proprietários ao longo das últimas décadas.
Desde 1966, a marca passou pelas mãos de quatro diferentes empresas, com Ford e Tata Motors sendo os últimos a tentar recolocar a empresa nos trilhos da rentabilidade.
No entanto, o problema da Jaguar não era uma falta de identidade. Por anos, ela se destacou com seus cupês esportivos e sedãs luxuosos, consolidando-se como um ícone da indústria automotiva britânica.
O verdadeiro obstáculo foi a incapacidade de se adaptar completamente às novas dinâmicas do mercado, onde depender apenas de sedãs e carros esportivos não era mais viável.
Curiosamente, a Jaguar foi uma das primeiras a perceber a necessidade de diversificação.
Quando a Tata Motors assumiu o controle da marca em 2008, a Jaguar já começava a ampliar seu portfólio, tentando competir de frente com os fabricantes alemães ao lançar sedãs e o esportivo F-Type.
A marca também fez sua estreia no segmento dos veículos elétricos com o I-Pace, um crossover que parecia promissor. Durante um curto período, as vendas cresceram, especialmente entre 2011 e 2018, e a perspectiva era otimista.
Porém, a maré virou rapidamente. Em 2022, as vendas despencaram para níveis preocupantes. Mesmo com uma linha diversificada, a Jaguar não conseguiu competir no segmento de SUVs, onde a Land Rover dominava.
O resultado foi um impasse dentro da própria Jaguar Land Rover (JLR), com a marca irmã ofuscando qualquer tentativa de crescimento da Jaguar. Atualmente, a Jaguar mantém apenas o SUV F-Pace em produção, mas há sinais de que ele também será descontinuado em breve.
A estratégia mais recente da JLR é ousada: transformar a Jaguar em uma marca totalmente elétrica e posicioná-la em um mercado ainda mais exclusivo, competindo com gigantes como Bentley e Porsche.
No entanto, essa manobra arriscada traz à mente o exemplo da Lotus, que tentou uma reinvenção similar e serve como um alerta.
Ao longo dos últimos anos, a Jaguar lançou modelos impressionantes, como o sedã XE, que em muitos aspectos superava concorrentes como o BMW Série 3.
Com um interior refinado, motor potente e uma transmissão de oito velocidades bem calibrada, o XE oferecia uma experiência de condução superior.
O F-Type, com seu motor V8 robusto e opção de câmbio manual, foi outro grande acerto da marca, enfrentando concorrentes de peso como o Porsche 911 e o Chevrolet Corvette. Ainda assim, mesmo com uma linha forte, a Jaguar não conseguiu manter sua lucratividade.
A transição para uma linha totalmente elétrica é o mais recente esforço da Jaguar para se reinventar e evitar a irrelevância. A marca está se reposicionando, abandonando sedãs e cupês esportivos para focar em um segmento de luxo mais exclusivo.
Esse movimento drástico reflete a transformação pela qual a indústria automotiva global está passando, em meio à ascensão dos veículos elétricos.
O futuro da Jaguar, embora incerto, ainda é marcado pela sua audácia e vontade de arriscar. Vamos ver o que vai acontecer.
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