
A ofensiva das montadoras chinesas no mercado europeu acaba de ganhar mais um capítulo polêmico — e, dessa vez, com traição no ar.
A BYD, que vem crescendo rapidamente no continente, e está se expandindo agressivamente na Alemanha, em pleno território da Opel, com ajuda de ex-executivos da Stellantis.
O resultado? Uma mistura de desconforto nos bastidores, avanço comercial acelerado e um mercado cada vez mais fragmentado.
À frente da operação estão Maria Grazia Davino, atual diretora regional da BYD Europa, e Lars Bialkowski, diretor-geral da marca na Alemanha.
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Ambos passaram pela Stellantis e agora comandam a marcha da fabricante chinesa no coração da indústria automotiva europeia.
Segundo informações do portal Automobilwoche, diversos concessionários ligados à Stellantis, inclusive da rede da Opel, têm assinado contratos para representar a BYD — o que estaria gerando irritação em Rüsselsheim, sede da marca alemã.

O clima é de desconforto total, principalmente pelo fato de a Opel ser uma das mais tradicionais fabricantes locais.
Diante da repercussão negativa, Davino tratou de se defender: “Lars e eu não ligamos para ninguém que conhecíamos da época da Stellantis”, disse ela. “Foram os concessionários que nos procuraram, porque enxergam o potencial da BYD.”
Bialkowski completou afirmando que essa transição “é natural”, especialmente porque a marca chinesa oferece amplo espaço para crescimento — algo que todo bom concessionário procura.
E crescimento não falta. Até algumas semanas atrás, a BYD tinha apenas 26 pontos de venda na Alemanha. Esse número já mais que dobrou e agora passa dos 50, com uma meta ambiciosa de atingir 120 revendas até o fim de 2024.
Para 2026, o objetivo é ainda mais ousado: 300 concessionárias em operação.
Mas nem tudo são flores. Um dos revendedores ouvidos pelo Automobilwoche afirmou que a rede está crescendo rápido demais, de forma pouco sustentável.
E, embora as vendas estejam aumentando, apenas 12% dos emplacamentos registrados são de clientes particulares, o que indica forte presença de vendas para empresas e locadoras — o que pode ser um sinal de alerta.
Apesar das críticas, a liderança da BYD garante que o problema é justamente o oposto: a demanda estaria superando a capacidade de entrega.
Segundo Bialkowski, o objetivo agora é atingir 50 mil unidades vendidas o mais rápido possível na Alemanha — um número ousado, considerando que a marca havia vendido menos de 8.600 veículos até agosto.
No fim das contas, o cenário é claro: a BYD está fazendo barulho no maior mercado automotivo da Europa, justamente com a ajuda de quem conhece os bastidores da concorrência.
A Stellantis, e principalmente a Opel, veem sua base de concessionárias flertando com o “inimigo” chinês — e isso está criando uma tensão silenciosa no setor.
Se essa estratégia vai dar certo no longo prazo, ainda é cedo para dizer. Mas uma coisa é certa: os chineses não estão mais apenas testando terreno — eles estão jogando pra vencer, e com armas cada vez mais afiadas.
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