
Coluna Fernando Calmon nº 1.372 — 7/10/2025
Associação dos fabricantes reconhece que o mercado de veículos leves e pesados esfriou em relação aos trimestres anteriores.
Emplacamentos tiveram alta de 7,2%, no primeiro trimestre e de 2,9%, no segundo. Contudo, recuaram 0,4% de julho a setembro.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2025 as vendas cresceram apenas 2,8%. O último trimestre costuma ser o melhor do ano e a Anfavea ainda vê possibilidade de o ano terminar com avanço de 5% sobre 2024.
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Este ano as altas taxas de juros, para controle da inflação fora da meta, continuam em patamar elevado, encarecendo as prestações.
Entretanto, Igor Calvet, presidente da entidade, prefere ser mais otimista, embora não descarte dificuldades crescentes.
“Reconheço o desafio de recuperação considerável de vendas no último trimestre, diante de uma base comparativa muito boa do final do ano passado”, avaliou.
Os estoques estão em níveis normais (26 dias) para veículos produzidos no Brasil. Modelos importados representam 136 dias estocados.
Anfavea nada comentou, mas este volume atípico é, em sua maioria, de modelos da BYD para fugir do aumento escalonado do imposto de importação sobre elétricos e híbridos. Haja capital de giro chinês…
Já a Fenabrave foi mais contida. Indicou, agora em outubro, um avanço de 2,6% sobre o ano passado, no fechamento de 2025. Até junho ainda manteve a previsão de 5% de crescimento.
Automóveis e comerciais leves devem ter desempenho um pouco melhor (mais 3% sobre 2024). Arcélio Santos Jr, presidente da entidade, avaliou que a interrupção de produção da Toyota (ler adiante) poderá ser absorvida por outras marcas, apesar de lamentar o desfortúnio ocorrido.
Fábrica destruída: Toyota importará motores

A filial brasileira da marca japonesa reagiu de forma rápida, apesar dos prejuízos materiais de grande monta em sua fábrica de motores de Porto Feliz (SP) destruída por vendaval com intensidade nunca vista na região.
Vai importar do Japão e de outros países motores para retomar a produção parcial nas fábricas de Indaiatuba e Sorocaba, porém ainda não sabe quando poderá normalizar a comercialização (possivelmente em fevereiro).
Os estoques do Corolla na rede de concessionárias chegaram ao fim e restará apenas a picape Hilux importada da Argentina.
As versões híbridas flex do Corolla, que representam vendas bem menores, voltarão já em novembro.
Todavia, só a partir janeiro de 2026 haverá motores importados suficientes para atender toda a demanda interna. A Toyota, entretanto, sofrerá ainda mais.
Foi obrigada a adiar sine die o lançamento do Yaris Cross, um SUV compacto inédito, sua grande aposta para ganhar participação de mercado no Brasil e América do Sul.
Alguns componentes do motor do novo carro são específicos (a exemplo do cabeçote) e estão sem previsão de normalização.
Yaris Cross é um produto para o segmento de maior demanda do mercado brasileiro e enfrentará entre outros o novo Honda WR-V previsto para novembro.
Kwid E-Tech, elétrico menos caro do País

Por R$ 99.990, o novo Kwid E-Tech 2026, fabricado na China, oferece um produto bem mais evoluído do que na sua estreia em 2022. O crossover subcompacto da Renault mantém o estilo que lembra um SUV.
Foram retiradas as barras longitudinais no teto, modismo praticamente inútil, pois aumenta massa, preço e piora o coeficiente aerodinâmico. Quantos carros você já viu carregando tralhas no teto?
Trata-se de um modelo inteiramente novo e dimensões pouco maiores do que as do Mobi, porém é homologado para quatro lugares.
O interior evoluiu bastante: quadro de instrumentos digital de 7 pol., tela multimídia de 10 pol., conexão sem fio Android Auto e Apple CarPlay e volante regulável (só em altura).
Destaque maior fica por conta de 11 sistemas avançados de assistência à condução (ADAS, em inglês) que inclui até análise de cansaço do motorista. Além de câmera de ré, agrega sensores de estacionamento traseiro e dianteiro.
Motor elétrico é o mesmo: 65 cv e 11,2 kgf·m. Acelera de 0 a 100 km/h em 14,6 s (equivalente ao Mobi com gasolina) e alcance, padrão Inmetro, de até 180 km.
Leapmotor confirma vendas em novembro

Para atuar no mercado internacional, Stellantis e Leapmotor formaram, em maio de 2024, uma joint venture, com 51% do capital da primeira e 49% da segunda.
A empresa foi fundada na China em 2015 e já produziu mais de um milhão de unidades. No Brasil contará com 36 pontos de vendas e assistência técnica das marcas da Stellantis, a partir do próximo mês e inicialmente importará dois modelos.
Ocuparão, no entanto, salões de exposição independentes.
O C10 é um SUV elétrico de alcance estendido (como o já descontinuado BMW i3, lançado em 2013) de grande conveniência para um país de dimensões continentais e uma rede de recarga limitada.
A grande vantagem é poder viajar sem preocupações sobre recarga e alcance. Trata-se de um SUV médio-grande com bom espaço interno graças ao entre-eixos de 2.825 mm (pouco maior que um Commander) e porta-malas de 475 L.
Se a bateria está próxima a esgotar, basta abastecer com gasolina para o motor-gerador de 95 cv fornecer energia necessária para o motor elétrico traseiro de 215 cv e 32,6 kgf·m.
Também pode ser recarregado em tomada como todo elétrico. Alcance declarado na China é de até 1.000 km, mas o Inmetro deve homologar uma distância menor. Haverá também uma versão elétrica convencional.
O segundo modelo, B10, é também SUV elétrico de dimensões menores, com porte de um Compass. Distância entre eixos é um pouco inferior: 2.735 mm.
Há duas opções de baterias e provavelmente a maior de 67,1 kW·h deve ser a escolhida para o Brasil. Motor, na especificação europeia, entrega 218 cv e 24,5 kgf·m.
Maverick Tremor: espaçosa e bom preço

Mercado de picapes médias oferece tantas alternativas que classificá-las é tarefa difícil, se consideradas as dimensões da Maverick: comprimento, 5.096 mm; entre-eixos, 3.075 mm; largura, 1.844 mm; altura, 1.758 mm.
O entre-eixos, por exemplo, referência de espaço para pernas no banco traseiro, é apenas 10 mm menor que a Hilux; largura (sem espelhos) só 11 mm menos que a japonesa líder de mercado.
Apenas no comprimento e na altura o modelo da Toyota se impõe. Contra sua adversária mais direta, Rampage, a comparação é equilibrada em tamanho.
Embora a Maverick perca nos ângulos central e de saída, ganha no ângulo de entrada. Caçamba de 943 litros da picape da Ford é apenas 6% menor que da Ram.
Motor a gasolina 2-L, turbo, 253 cv, 38,7 kgf·m e o câmbio automático de oito marchas vão muito bem na Tremor, que se destaca pelo silêncio de marcha e o bom desempenho, tanto em uso urbano quanto em estrada.
Consumo de combustível, obviamente, foi alto durante a avaliação em asfalto e terra, porém dentro do previsível para veículos deste porte: 7,7 km/l (cidade) e 10,7 km/l (em autoestrada).
Uma de suas boas características é o diâmetro de giro que, embora não informado pelo fabricante, facilita manobras de retorno e de estacionamento (com ajuda de câmaras em visão de 360°).
Na parte interna, a central multimídia tem tela maior de 13,2 pol. Sensores de proximidade ajudam ao estacionar. Boa posição de guiar, mais parecida com a de automóvel do que de picape.
Espaço para os passageiros no banco traseiro rivaliza com modelos de maior porte. Acabamento explora diferentes materiais e texturas.
Maiores destaques da versão Tremor: elevação da suspensão em 22 mm e vão livre ao solo de 226 mm. Melhora toda a geometria off-road com ângulos de 30,9º de entrada, 21,3º de saída e 20º, central.
Há ainda bloqueio do diferencial traseiro, botão 4WD que indica tração 4×4 constante, pneus do tipo todo-terreno 235/65R17, controle de velocidade e modo de condução fora-de-estrada.
Ganchos de reboque na cor laranja diferenciam esta versão.
Importada sem imposto do México, preço é competitivo: R$ 239.990.
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