Avaliação Chevrolet Onix RS: Ele abusa do visual esportivo, mas cobra caro por poucos equipamentos

O Chevrolet Onix 2026 trouxe muitas mudanças para reavivar as vendas do antigo líder de vendas, um player que continua temido pelos rivais.

Na versão RS, ele se veste com uma cara mais esportiva e até se anima em corresponder a isso.

Custando salgados R$ 130.190, o Onix RS 2026 apela para a imagem para ter um preço mais alto, sendo assim o topo de linha da gama nacional. Ainda que um pouco exagerado nos detalhes, a proposta não deixa de ser válida.

Já na mecânica, o motor 1.0 Turbo de 115 cavalos e seu câmbio automático renova o ânimo no hatch compacto gaúcho, com bons atributos, alguns defeitos e só não consegue vender mais.

Seja como for, em tempos de eletrificação acelerada, o Onix RS ainda é vantajoso?

Exagero esportivo

O Onix RS nunca teve a pretensão de ser um esportivo de fato e o apelo visual é o que o brasileiro (ainda) gosta, com detalhes escurecidos, como as rodas de liga leve aro 16 polegadas em preto brilhante, por exemplo.

Há também a grade exclusiva com elementos hexagonais, a Black Bow Tie e a barra da Chevrolet em preto, somando ao teto e retrovisores pretos. Com logo RS em vermelho, a versão apela até para um destacado aerofólio no teto.

Chama atenção ainda a base do para-choque traseiro em preto brilhante, mas com design esportivo e até com difusores de ar na parte inferior.

Não há um escape cromado para este Onix chamar de seu e de fato nem precisa, por ficar clara sua proposta somente estética.

Dentro, o ambiente escurecido tem boa tonalidade em vermelho fosco nos detalhes, assim como texturas visuais agradáveis no painel e portas, mas os plásticos permanecem dominando.

Mais detalhes da guarnição em preto brilhante casam com os bancos de couro com costuras duplas vermelhas, as mesmas vistas no volante.

Os assentos possuem dupla textura que até combina com o acabamento das portas, em plástico, claro.

O cluster digital padrão da GM com 8 polegadas é simples demais e exige a multimídia ao lado para alterar suas funcionalidades.

Esta última pelo menos é mais intuitiva e traz consigo boa conexão com Android Auto e CarPlay, por enquanto…

Com câmera de ré, 4G, Wi-Fi e os serviços do OnStar, o Onix RS está em dia com a conectividade “além-carro” e isso continua sendo um mérito do modelo, desde a geração anterior.

O espaço interno é mediano e o conforto a bordo, relativo, dadas as limitações da cabine, apesar dos 4,16 m de comprimento.

Banco traseiro bipartido ajuda nos 303 litros do bagageiro, mas ainda assim, para quem vai atrás faltam difusores de ar.

Boa pegada

O interessante da General Motors do Brasil é que sua engenharia é tão localizada, que sua experiência no mercado a faz tirar leite de pedra em certos aspectos, mesmo diante de alguns erros cometidos por quem controla os custos.

Diante de um Proconve L8 e de uma mudança de regras na política do programa Mover, a GM viu seu 1.0 Turbo ter que perder potência, mas isso não a intimidou em dar uma calibragem esperta para o conjunto motriz.

Independente da polêmica correia banhada a óleo, usada por outros motores, alguns até já finados por outros motivos, o propulsor CSS Prime continua a ser um dos melhores do mercado.

Com 999 cm³, o 1.0 Turbo manteve a injeção multiponto, mas como já dissemos, não ouvimos ninguém reclamar disso, dado o bom conjunto feito anteriormente.

Mesmo perdendo potência, que caiu de 121 para 115 cavalos, mais por política, o motor de três cilindros continua esperto.

São 115 cavalos a 5.500 rpm e torques de 16,3 kgfm na gasolina e 16,8 kgfm no etanol, ambos a 2.000 rpm, como se nada tivesse acontecido, exceto pela perda de 1 cavalo.

Já a transmissão automática GF6 de seis marchas parece tão suave quanto um CVT.

O conjunto está com uma calibração bem imediata, com rápido ganho de giro e torque, deixando o Onix RS mais ágil, especialmente na cidade, ajudando no comportamento que detalharemos a adiante.

Chegando ao pico de 6.000 rpm antes do corte, o 1.0 Turbo da GM funciona pleno desde os 1.500 rpm, garantindo sempre boas respostas ao pedal, enchendo bem nas retomadas e garantindo ultrapassagens seguras na estrada.

Sem modo Sport, ele dispensa esse recurso, que ainda existe na forma do modo manual no indigesto botão de marchas na alavanca.

O modo L também lembra a caixa pode usar um recurso para ruas alagadas ou subidas inclinadas demais.

Na cidade, com gasolina, o conjunto do Onix RS agrada pelo baixo consumo, com média de 12,6 km/l, enquanto na estrada, a 80 km/h, ele marcou 20,3 km/l, além de 19,1 km/l a 100 km/h e 17,9 km/l a 120 km/h.

Rodando a 110 km/h, o giro fica em 2.400 rpm, 100 rpm a mais que o primeiro Onix desta geração. Isso parece evidenciar a pegada mais ágil e direta deste Chevrolet, com direção elétrica muito responsiva.

Os freios também atuam mais rápido e o ajuste de suspensão, mais firme que o comum no segmento, o deixa com agilidade de um Honda e resposta de um Volkswagen, em baixa…

Mais gostoso de dirigir, o Onix RS mostra que a Chevrolet pelo menos acordou nesse aspecto.

Trata-se de uma pegada que compromete em parte o conforto, especialmente em ruas esburacadas ou de pavimentos diferentes do asfalto, como bloquetes e paralelepípedos. Sim, ficou mais duro, mas com agilidade que agradecemos.

Calçando pneus 195/55 R16, o Chevrolet Onix RS 2026 curva bem e faz desvios pontuais com segurança, ainda que vá de 0 a 100 km/h somente em 10,5 segundos, perdendo como esperado, em alta, já que precisa ter uma calibração voltada para o consumo.

De qualquer forma, mesmo sem um pacote ADAS, o Onix RS vai bem, ainda que seu preço lhe imponha tal tecnologia para manter-se na disputa.

Visual cobra seu preço

No mercado, o Onix RS está, digamos, no olho do furacão, com todo tipo de oferta de carros dos mais variados tipos, mas entre os hatches, a coisa também não está boa.

Por somente R$ 4.000 a mais, um Honda City EX por R$ 134.000 já coloca a existência desse Chevrolet em causa. O mesmo em relação ao VW Polo Highline por R$ 134.490.

Mais completo, o Hyundai HB20 Platinum sai por R$ 131.190, mas sem o apelo visual pseudo-esportivo dessa proposta do Onix RS.

Como bom francês, o Peugeot 208 Allure até tem mais mimos por R$ 125.550. Já o GT Hybrid adiciona a vantagem do “híbrido” por R$ 136.490.

Chineses? Existe o Geely EX2 por promocionais R$ 135.100, mas seria uma escolha ao tradicional?

Seja como for, o Onix RS precisaria de um pacote ADAS para valorizar sua posição e segurança, superior ao de alguns rivais.

Vale? É necessário analisar se a sua escolha for pelo visual emocional, aí talvez…

Chevrolet Onix RS 2026 – Galeria de fotos