
O Chevrolet Tracker Premier 2026 chega ao mercado em meio a um cenário desafiador.
Se em 2020 a estreia da atual geração coincidiu com o início da pandemia e enfrentou a desconfiança de um público conservador, agora o SUV compacto da Chevrolet volta aos holofotes com uma reestilização que tenta manter sua competitividade.
Mas será que as mudanças são suficientes para justificar os quase R$ 190 mil cobrados pela versão Premier?
A resposta é mais complexa do que parece.
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Visual de novo padrão da marca
De cara, o novo Tracker tenta impressionar com um visual renovado, especialmente na dianteira.
A grade agora segue o padrão da Chevrolet adotado em modelos como Montana e Spin, com acabamento cromado na versão Premier e faróis full-LED divididos em dois níveis.
As luzes diurnas ficam no topo e os faróis principais na parte inferior do para-choque, criando uma assinatura visual mais marcante.
Apesar disso, as laterais e a traseira mudaram pouco, com discretas alterações nas lanternas e rodas de 17 polegadas redesenhadas, mantendo o SUV com aparência familiar.

O interior foi mais modernizado do que o exterior
No interior, o Tracker finalmente ganha um banho de loja que era aguardado desde o lançamento da geração atual.
O novo painel de instrumentos digital de 8 polegadas, combinado à central multimídia de 11″, trouxe um ar moderno à cabine.
As telas têm boa resolução, são responsivas e agora estão integradas numa moldura voltada ao motorista, facilitando a usabilidade.
Gostamos bastante do uso da central multimídia, que funcionou sem nenhum ponto negativo, durante 10 dias de uso do veículo.



Acabamento simples para o preço
Ainda assim, o acabamento geral continua simples, com plásticos rígidos dominando o painel. Há sim toques de vinil em algumas áreas, mas nada que se compare ao que oferecem rivais como Honda HR-V ou Hyundai Creta.
Em termos de espaço interno, o Tracker segue com um dos entre-eixos mais curtos da categoria, com apenas 2,57 metros.
Isso se traduz em um banco traseiro que acomoda dois adultos com alguma limitação nas pernas e na cabeça, especialmente para os mais altos.
O porta-malas também decepciona: com 393 litros, perde para praticamente todos os concorrentes diretos — desde o Fiat Fastback até o Volkswagen T-Cross.
Outro problema crônico persiste: não há saídas de ar-condicionado para os passageiros traseiros, mesmo nessa versão de quase R$ 190 mil.


Motor gostoso de dirigir e câmbio agradável
Sob o capô, o Tracker Premier continua apostando no conhecido motor 1.2 turbo flex de três cilindros com injeção direta. São 141 cv e 22,9 kgfm de torque, suficientes para mover com agilidade o SUV de 1.265 kg.
O câmbio automático de seis marchas está bem ajustado e realiza trocas suaves. O que me agradou pessoalmente foi que as trocas de marcha são feitas em uma faixa mais baixa de rotação, sem nunca fazer o motor ficar gritando demais.
O consumo, no entanto, sofreu leve aumento.

Segundo dados do Inmetro, o Tracker Premier faz 11 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada com gasolina — números que já foram melhores em versões anteriores. A explicação pode estar no novo desenho da dianteira, que aumentou o arrasto aerodinâmico.
Em nossa avaliação, o consumo ficou em apenas 8,9 km/l, mas isso talvez seja pelo fato do motor ainda estar sendo amaciado. O carro estava com apenas 2.000 quilômetros rodados.
A Chevrolet promete soluções com a futura adoção do sistema híbrido-leve de 48V, mas isso só deve acontecer em 2026. Por enquanto, quem busca economia terá que se contentar com um consumo apenas razoável.

A polêmica da correia
Outro tema que continua gerando polêmica é a correia dentada banhada a óleo.
Desde os problemas relatados na linha Onix, a Chevrolet tenta convencer o mercado de que a nova formulação química da peça oferece maior durabilidade e resistência a óleos fora da especificação.
A garantia agora é de cinco anos, o que representa um alívio para quem ficou receoso com os relatos de falhas.
Ainda assim, a desconfiança permanece entre os consumidores, especialmente aqueles que não costumam seguir à risca as recomendações do manual.


Bons equipamentos, mas pouca segurança
Em termos de conforto, o Tracker Premier oferece uma lista relativamente completa de itens.
O ar-condicionado é digital, mas de zona única. Há carregador por indução com resfriamento, teto solar panorâmico, bancos revestidos em material sintético e sistema de conexão Wi-Fi nativo com plano de dados mediante assinatura.
As entradas USB estão bem distribuídas — três do tipo A e uma do tipo C —, e o volante multifuncional tem boa empunhadura com comandos intuitivos.
O grande calcanhar de Aquiles do Tracker 2026, porém, está no pacote de segurança. Mesmo na versão mais cara, o SUV da GM não traz controle de cruzeiro adaptativo, alerta de mudança de faixa ou assistente de permanência em faixa.
Conta apenas com frenagem autônoma de emergência e alerta de ponto cego. Isso deixa o modelo atrás de praticamente todos os principais concorrentes, que oferecem pacotes ADAS mais robustos, inclusive em versões mais acessíveis.

Cobre menos, ou equipe mais
Na prática, o Tracker Premier parece um carro preso entre duas propostas: tenta se posicionar como um SUV sofisticado com visual refinado e tecnologias atualizadas, mas não entrega um pacote coerente com o preço cobrado.
Por R$ 189.590, o cliente pode encontrar opções mais potentes, espaçosas e seguras.
O Jeep Compass Sport, por exemplo, é bem mais barato e entrega um motor mais forte, acabamento superior e maior porte. Até mesmo o Compass Longitude tem preço ligeiramente menor.
Já o Hyundai Creta Ultimate e o VW T-Cross Extreme oferecem mais equipamentos e presença de recursos avançados de condução, além de refinamento superior, embora o T-Cross também seja precificado de maneira “fora da casinha.

Se você é um fã declarado da Chevrolet e já tem familiaridade com o ecossistema da marca — especialmente a integração com o OnStar —, o Tracker Premier pode fazer sentido.
O comportamento dinâmico agrada, o motor é competente e o visual externo está mais alinhado com a linguagem global da marca.
No entanto, para quem compara friamente o que cada modelo oferece por volta dos R$ 190 mil, a conclusão é inevitável: falta ao Tracker 2026 um melhor equilíbrio entre custo e benefício.

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