Desde que chegou ao Brasil, dois anos atrás, a JAC Motors tratou de lançar vários modelos. E o último deles (dentre os carros de passeio) foi o JAC J2. Se trata de um carrinho compacto com preço na casa dos populares, mas que não é exatamente um popular.
Isso porque no valor dele, de 31.990 reais (era de 30.990 reais no final do ano passado) você leva um motor 1.4 e também pacote completo de equipamentos, com ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, airbag duplo, freios ABS, faróis de neblina, etc.
O motor é o mesmo de até 108 cavalos que equipa o J3. E por isso a marca chinesa define o J2 como o carro de “motor potente” em seu site oficial. O visual do JAC J2 é de certa forma interessante, com uma dianteira mais atraente que a de seu irmão maior.
Apenas na traseira é que as linhas não ficam lá muito interessantes mas ainda assim funcionais.
Usamos o J2 por uma semana atentos ao desempenho e às arrancadas dele, já que no J3 sentimos que faltava um motor com mais torque em baixa ou marchas mais curtas para conseguir sair em uma subida com o carro carregado.
E nessa avaliação você verá se neste aspecto o J2 é melhor que o J3 ou se este problema continuou.
JAC J2 – Impressões do interior e qualidade de acabamento
O interior do JAC J2 segue o mesmo padrão dos outros modelos da marca.
Isso significa que ele tem alguns detalhes um pouco diferentes para quem está acostumado com carros feitos para o mercado brasileiro, mas temos também algumas boas qualidades.
O acabamento é todo escuro, como preza o consumidor brasileiro. As superfícies são todas de plásticos rígidos, mas eles são agradáveis ao toque e tem boa montagem. Os bancos são confortáveis e apoiam bem o corpo, porém alguns podem achar sua espuma macia demais.
O quadro de instrumentos é um ponto fraco do modelo, pois é muito pequeno, tem uma mistura de azul com vermelho que pode não agradar a muitos, e o espaço dedicado ao conta-giros é minúsculo.
O volante tem aro fino, como nos outros modelos da JAC. Além de poder ter aro um pouco mais grosso, o volante poderia ser um pouco menor, já que a direção tem assistência elétrica e essa redução de tamanho do volante não traria problemas na quantidade de força aplicada para girá-lo.
A regulagem do volante é apenas de altura, e tem um curso tão pequeno que acaba não servindo para muita coisa.
A parte central do painel tem um visual redondo diferenciado, e agrupa o sistema de ventilação e o rádio. O sistema de som tem um visual bem ultrapassado, e a qualidade sonora é fraca. O ar-condicionado é bom e gela rapidamente.
Mas notou que essa região central do painel acaba ficando sem saídas de ar, devido ao seu formato?
Isso prejudica na refrigeração da cabine em dias muito quentes. O painel tem uma saída central de ar superior, que fica no topo do painel, mas mesmo tendo aletas voltadas para os ocupantes, ela acaba conseguindo gelar mais as costas do espelho interno do que qualquer outra coisa.
O porta-luvas poderia contar com uma tampa, não é, JAC?
Outra coisa que pode ser revista pela JAC é que as saídas de ar redondas que ficam nos cantos do painel não se fixam na posição escolhida. Se você deixa ela virada na diagonal e aciona uma velocidade mais forte do ventilador, o vento faz ela se fechar.
O espaço para os ocupantes dianteiros é razoável, e na traseira fica um pouco mais apertado. O bom é que por ter um teto alto, o JAC J2 acomoda bem uma pessoa com 1,80 metro de altura sem que essa pessoa bata a cabeça no teto.
Já na largura a situação é complicada, ali atrás é melhor irem apenas duas pessoas mesmo.
O porta-malas é meramente ilustrativo, ou seja, é tão pequeno que não pode ser considerado um porta-malas. O JAC J2 foi concebido para ser um carrinho urbano, não um modelo feito para nosso mercado, onde até mesmo o carro popular precisa de porta-malas grande para levar toda a bagagem de uma família em uma viagem.
E isso pesa contra ele em nosso país.
JAC J2 – Vídeo de detalhes
JAC J2 – Comportamento e consumo na cidade
O JAC J2 briga em faixa de preço com modelos 1.0 bem mais pelados do que ele. Mas essa briga é um pouco distorcida, já que uma marca que importa carros para o Brasil acaba oferecendo algo um pouco diferente.
Em outros países as pessoas não querem exatamente o que o brasileiro quer, que é carro barato e espaçoso em uma faixa de preço mais baixa.
E o J2 mostra isso claramente. Ele não é um popular, não é 1.0 e também não é muito espaçoso. Por outro lado, tem um pacote bem completo de equipamentos e motor bem potente para sua faixa de preço. Acaba sendo um carro de um segmento mais específico.
A JAC Motors sabe aproveitar bem as qualidades do J2, tanto que destaca que em uma faixa de preço mais baixa o carrinho tem vários equipamentos de série e também um motor bem fortinho.
Esse motor 1.4 do modelo (que na verdade não é 1.4, mas tudo bem) equipa também o J3, e em um carro mais leve como o J2 acaba entregando uma boa diversão ao volante.
No mesmo teste de arrancada em subida que fizemos com o J3, o J2 subiu tranquilamente, por ser, obviamente, mais leve. Continua sendo um motor com uma saída fraca, para o padrão que o brasileiro está acostumado, mas isso não aparece tanto no J2.
Já em rotações mais altas – a parte mais interessante de um motor 16 válvulas – o JAC J2 anda muito bem. Ele acaba sendo mais gostoso de usar na cidade do que o J3. O J2 é um carro macio, com suspensão e bancos macios, e isso também agrada.
Foi possível notar claramente no nosso vídeo da cidade uma das deficiências de carro chinês. O parabrisa fino demais fez com que ao pegar uma chuva mais forte, fosse complicado falar com um tom de voz normal, pois o barulho era alto.
O que acaba sendo meio diferente para quem está acostumado com carro feito aqui no Brasil é o conjunto de motor 16 válvulas com câmbio de relações um pouco longas. Isso faz com que tenhamos de reduzir marcha com bastante frequência, para ter sempre um bom desempenho.
Outro ponto negativo que pode ser citado é a falta de forração acústica entre o motor e a cabine. Acaba parecendo que estamos em um carro com o silencioso furado, parece que alguma coisa está errada.
É claro que isso pode ser visto também como um ponto positivo, pois o carro passa a sensação de ser mais esportivo do que é. Mas é claro que isso não é agradável para uso diário, pois não é todo mundo que quer ouvir o motor mais claramente assim o tempo todo.
A suspensão do J2 é macia, mas bem adaptada ao solo brasileiro, ela não é macia demais a ponto de prejudicar a estabilidade ou dar impressão de estarmos em um carro mole, solto. O consumo dele na cidade, com gasolina e ar-condicionado ligado, foi de 10,2 km/l. Um consumo pior que do J3 que avaliamos, que passou com folga dos 11 km/l.
JAC J2 – Comportamento e consumo na estrada
Pegamos chuva forte com o JAC J2 também na estrada. Neste momento, percebemos que a estabilidade do carrinho é boa, mas o limpador de para-brisa fez um pouco de barulho, e o vidro traseiro sem limpador prejudica bastante a visibilidade.
Partindo para os detalhes gerais de nossa análise, em relação a desempenho, o J2 acelera bem em arrancadas. No começo da aceleração temos um pouco de falta de fôlego, mas a partir de 2.000 giros ele fica bem mais esperto.
O bom é que o J2 mostra ser um carrinho que gosta que o motorista pise fundo. E nisso aquela falta de forração acústica – que falamos no texto da cidade – ajuda. Pra quem quer um carro com disposição um pouco mais esportiva pode valer a pena.
Mas avisamos que depois de 20, 30 minutos andando na estrada isso começa a incomodar. Quem anda todos os dias na estrada deve evitar um veículo que tenha ruído maior, como o J2. Andando a 110 km/h, não temos uma faixa de rotação otimizada para uso na estrada, então o resultado é que acabamos tendo de reduzir marcha com frequência. Andando a 120 km/h a situação já melhora bastante.
A suspensão do JAC J2 é adequada para uso rodoviário, pois é confortável mas também não deixa de entregar uma boa estabilidade nas curvas, mesmo com pneus pequenos e relativamente finos. O consumo na estrada, andando a 110 km/h com ar-condicionado ligado foi de 12,7 km/l.
Assim como na cidade, o J2 teve consumo um pouco maior que o J3.
JAC J2 – Informações gerais
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.332 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 108 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 14,1 kgfm a 4.500 rpm.
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,8 segundos.
Velocidade máxima: 187 km/h.
Diâmetro e curso: 75,0 mm X 75,4 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molhas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira do tipo Dual link, com molas helicoidais. Não oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira. Oferece ABS com EBD de série.
Pneus: 175/60 R14.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,54 metros de comprimento, 1,64 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,39 metros de entre-eixos. Airbag duplo dianteiro de série.
Peso: 915 kg.
Capacidade do porta-malas: 121 litros.
Tanque de combustível: 35 litros.
Produção: Hefei, China.
Itens de série: Trio elétrico, desembaçador traseiro, faróis de neblina, faróis com regulagem de altura, apoios de cabeça dianteiros com ajuste de altura, airbag duplo, ABS com EBD, travamento automático das portas, cintos dianteiros com pré-tensionador, sensor de estacionamento traseiro, porta copos, tomada 12V, volante com regulagem de altura, direção elétrica, ar-condicionado e rádio/CD/MP3/USB com seis alto-falantes.
Fotos Fábio Aro
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