Em boa fase, o Toyota Corolla Cross espanta a ameaça chinesa e mostra que é sim um player de peso no mercado de SUVs, já medindo forças com o líder de vendas do segmento, o VW T-Cross.
Nessa versão XRX, com o motor 2.0 Dynamic Force, o Corolla Cross está onde deveria, mesmo sendo a versão mais cara e com a marca japonesa tendo imagem de quem cobra bem pelo que oferece.
Custando R$ 207.990, o Corolla Cross XRX tem uma proposta interessante, ainda que nem tudo sejam flores…
Seu motor de até 175 cavalos é um dos atributos, assim como o acabamento, mas falta atenção num detalhe importante.
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Expressivamente conservador
A recente atualização do Corolla Cross, deu novo impulso às vendas do SUV médio da Toyota e acabou com a tal polêmica do escapamento… Com um olhar mais expressivo, o modelo consegue preservar sua proposta conservadora.
Faróis full LED complexos, grade fusionada com a carroceria e para-choque robusto na frente, com faróis de neblina em LED são agradáveis de se ver. Na traseira, um grupo ótico agrada, com um para-choque parrudo.
Com rodas de liga leve aro 18 polegadas e pneus 225/50 R18, diamantadas e em preto brilhante, dão um ar mais jovem ao SUV feito para atender aos mais velhos… Tendo teto solar padrão, retrovisores grandes, barras no teto e uma barra de luz no capô, o visual geral é bom.
Dentro, a Toyota mantém sua boa aposta num padrão de acabamento condizente com a proposta do Corolla Cross, com acabamento levemente escurecido para evidenciar sua missão de oferecer um ambiente mais premium.
Com bom espaço interno e materiais macios no painel e portas, o Corolla Cross XRX agrada aos olhos, com couro nos bancos e assento do motorista ajustável eletricamente. Amplo, o habitáculo goza de itens de conforto, como saídas de ar na traseira e apoio de braço central para quem está atrás.
No painel, cluster digital configurável aceitável, mas que requer paciência para ajustar algumas funcionalidades… Para que facilitar se é fácil complicar? Tem quatro estilos de instrumentação e três de disposição dos itens.
Pelo menos a multimídia de 10,1 polegadas é mais intuitiva e de fácil manuseio, com monitoramento em 360 graus, Wi-Fi e conexão sem fio com smartphone que não é nada agradável…
A Toyota continua a dever em conectividade, infelizmente. Falhas obrigam a meter um cabo USB para a coisa andar. Uma pena realmente.
Já o console com freio de estacionamento eletrônico e auto-hold foram boas adições, bem como o slot para recarga indutiva de smartphone. O volante é completo e gostoso de manusear.
Os bancos, confortáveis, garante uma viagem tranquila, especialmente atrás, onde há bom espaço para as pernas.
No bagageiro, seus 440 litros são aceitáveis e ampliáveis com o rebatimento do banco traseiro, além de acessível com a tampa automática.
Sem pretensões
Apesar de usar um “motorzão” 2.0 litros, o Toyota Corolla Cross XRX não tem grandes pretensões em desempenho, já que seu foco é conforto e rendimento energético.
Mesmo tendo um modo “Power”, claramente visível no painel, seu objetivo é beber menos e andar tranquilamente. Isso é um prato cheio para quem já correu a vida e quer sossego ao dirigir.
O MA-20 é um motor singular, tendo seus quatro cilindros alimentados por injetores diretos e indiretos, estes abaixo do coletor de admissão. Com ciclo Atkinson como se fosse num híbrido, o Dynamic Force intriga com seus 6.600 rpm de potência máxima, mas não pelo torque a 4.400 rpm.
São 167 cavalos na gasolina e 175 no etanol, ambos com 20,8 kgfm no derivado de petróleo e 21,3 kgfm no combustível vegetal. Perdeu um pouco com o Proconve L8, mas é assim que a banda toca…
Já o CVT tem 10 marchas, sendo a primeira por engrenagem e as demais simuladas em correias e polias. Nesse caso, o foco é conforto linear ao rodar e economia, coisas que esse tipo de caixa automática cumpre com excelência.
Assim, o Corolla Cross sobe muito de giro sem responder da mesma forma, não sendo assim do gosto de quem curte desempenho. O ponteiro virtual vai e vem conforme se mete o pé com mais força.
Mesmo engrossando a condução com modo Power (tem ainda o Normal e o Eco automático) e recorrendo-se aos paddle shifters no volante, o giro elevado até poderia empolgar, se o veículo respondesse da mesma forma. Isso, todavia, não faz dele um carro lento, indo de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos com final de 175 km/h.
O lado ruim disso é que o MA-20 se faz bem sonoro, não transmitindo uma boa sensação ao dirigir esportivamente. Essa, de fato, não é a praia do Corolla Cross, mas ele se comporta bem na estrada.
Ultrapassagens são garantidas com segurança, assim como retomadas pontuais, ainda que seja necessário explorar bem o tacômetro.
Mas, da mesma forma que ele exige altas rotações para coisas não tão exigentes, também mostra que pode trabalhar mansinho, como se fosse um diesel, obviamente sem a força desse, é claro.
Na cidade, o Corolla Cross 2.0 navega a 1.300 rpm e muitas vezes a somente 1.000 rpm. Esse quase “stol” não é o mesmo de um carro 1.0 turbo com seis marchas, por exemplo. Ele não fica trepidando, pedindo marchas, quase morrendo…
De fato, andar com o Corolla Cross 2.0 na cidade é quase como estar num elétrico, sendo bem silencioso e prestativo, ainda que sem o arranque imediato deste. Mesmo nas saídas, a rotação não se eleva também e esse CVT da Toyota ajuda nisso.
Na estrada, mesmo a 110 km/h, a rotação pode ficar a 1.500 rpm, ajudando muito até no consumo, que dirá no conforto em viagem. Tudo, claro, depende da topografia. Ao mínimo esforço devido ao plano da estrada, o giro sobe imediatamente.
No piloto automático adaptativo, o motor ronca bem a qualquer alteração mínima… Mas o consumo é bom, com gasolina. Ele fez 17,6 km/l a 80 km/h, caindo 15,7 km/l a 100 km/h e 14,3 km/l a 120 km/h, lembrando que se trata de um 2.0 litros aspirado, como nas antigas.
Já na cidade, seus bons 12,8 km/l dão uma boa noção de seus atributos como um carro focado no conforto e na economia. Tudo isso, ajuda a vender o Corolla Cross para quem realmente busca mais tranquilidade ao volante.
Com direção elétrica bem ajustada, freios eficientes e uma suspensão mais firme, ele se torna um carro agradável no dia a dia, com dinâmica de condução suficiente para sua proposta.
Contorna bem as curvas, com estabilidade adequada para intervenções ao volante em caso de necessidade, mas as rodas aro 18 com pneus série 50 têm seu outro lado, assim como a suspensão de curso curto.
Em pisos irregulares, como bloquetes e paralelepípedos, transferem boa parte das imperfeições para dentro e o acabamento reclama, especialmente vibrações em bancos vazios. Não é muito agradável em condições como essa, transmitindo a impressão de falta de atenção a esse detalhe.
No caso do pacote ADAS, o Corolla Cross XRX vem com tudo dentro, alinhando-se bem na faixa, corrigindo a direção de forma segura e tendo bom monitoramento da estrada. Todavia, ainda não é tão eficiente quanto da rival Honda, mas atende.
Se você não quer surpresas, nem trancos ou coices, o Corolla Cross 2.0 é o seu carro, ainda que não seja ele íntimo de ruas de pavimento imperfeito ou ruas depreciadas.
Lugar certo
O Corolla Cross XRX 2.0 está em seu lugar de direito, sem pretensões acima do esperado. Com seu preço em R$ 207.990, ele reflete a ausência do Yaris Cross no portfólio e isso é uma vantagem.
Sem invenções para querer ser o que não é, o Corolla Cross XRX se mostra bem honesto. Ele tem foco em quem já garantiu o seu e quer mais do que um ambiente preto e cheio de luzes ou outros disfarces para esconder os muitos plásticos duros, comuns nos SUVs compactos.
Assim, o Corolla Cross de modo geral, consegue a proeza de disputar a liderança com um SUV compacto, mesmo custando numa faixa acima.
Afinal, se for para pagar R$ 190 mil ou R$ 200 mil num SUV compacto, alguns até 1.0 turbo, melhor ter um SUV médio com um 2.0 emocional, pelo mesmo preço.
- Existem os chineses, elétricos e híbridos, assim como um VW Taos Comfortline por R$ 206.990 e um Jeep Compass Longitude pelo mesmo preço, com rodas aro 18 e teto solar adicionado.
Mesmo estes tendo melhor desempenho com seus motores turbinados, focam em coisas diferentes, com o Jeep sendo mais fora de estrada e o VW mais urbano e esportivo até.
E o Corolla Cross XRX? É o equilíbrio que agrada a maioria. Vale?
Com boa imagem da marca e pós-venda elogiado, sem contar a garantia de 10 anos e confiabilidade de sempre, vale sim.
Toyota Corolla Cross XRX 2.0 2026 – Galeria de fotos
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