BYD é processada por escravidão moderna e tráfico de pessoas em obra na Bahia, pode pagar R$ 257 milhões em indenizações

trabalhadores fabrica byd (1)
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A gigante chinesa BYD, conhecida mundialmente por seus carros elétricos, acaba de se ver envolvida em uma denúncia grave de violação dos direitos humanos no Brasil.

O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) entrou com uma ação civil pública contra a montadora e outras duas empreiteiras, pedindo a condenação por manter trabalhadores chineses em condições análogas à escravidão durante as obras da fábrica da marca em Camaçari, na região metropolitana de Salvador.

Segundo as investigações, cerca de 220 operários foram trazidos da China de forma irregular, com vistos de trabalho incompatíveis com as funções desempenhadas.

A denúncia é acompanhada de imagens chocantes que mostram os alojamentos precários onde os trabalhadores estavam amontoados, vigiados por seguranças armados e impedidos de sair.

trabalhadores fabrica byd (2)
trabalhadores fabrica byd (2)

Muitos dormiam sem colchão, compartilhavam banheiros com dezenas de pessoas e enfrentavam jornadas exaustivas, sem direito a folgas semanais.

Para piorar, seus passaportes foram retidos pelas empreiteiras, e os contratos previam retenção salarial de até 70%, exigência de caução e cláusulas que impunham prejuízos financeiros ao trabalhador que decidisse encerrar o contrato antes de seis meses.

Essa prática, segundo o MPT, configura uma espécie de prisão econômica e confisco dos rendimentos — características típicas do trabalho escravo contemporâneo.

A ação responsabiliza, além da própria BYD, as empreiteiras Jinjiang Construction Brazil Ltda. e Tecmonta (antiga Tonghe), que prestavam serviços exclusivos para a montadora.

O MPT pede uma indenização de R$ 257 milhões por danos morais coletivos , além do pagamento de danos morais individuais aos trabalhadores e a quitação de todos os direitos trabalhistas devidos.

trabalhadores fabrica byd
trabalhadores fabrica byd

Em nota, a BYD alegou ter um compromisso inegociável com os direitos humanos e afirmou que irá se manifestar nos autos. A empresa também declarou, no momento do resgate, que rompeu contrato com a empreiteira Jinjiang após tomar conhecimento das irregularidades.

No entanto, para o MPT, a responsabilidade da montadora vai além da escolha de prestadores de serviço.

As provas levantadas mostram que a própria BYD tinha ciência dos alojamentos mantidos pelas empreiteiras e, inclusive, participava da logística dos trabalhadores.

O caso ganhou repercussão nacional por escancarar a face mais cruel das cadeias produtivas globais, muitas vezes terceirizadas para encobrir práticas ilegais.

Agora, resta à Justiça brasileira decidir se a montadora chinesa será responsabilizada à altura da gravidade dos fatos.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.