O CEO da Ford, Jim Farley, surpreendeu o mercado ao revelar que está dirigindo o Xiaomi Speed Ultra 7 (SU7) há seis meses e que não pretende devolvê-lo tão cedo.
Farley fez essa declaração em entrevista ao apresentador britânico Robert Llewellyn, durante o podcast “The Fully Charged”, que foi ao ar na última segunda-feira.
“Não gosto muito de falar sobre a concorrência, mas estou dirigindo o Xiaomi”, comentou Farley, destacando que o veículo foi transportado de Xangai para Chicago exclusivamente para ele.
O SU7 é o primeiro veículo elétrico (EV) da gigante chinesa Xiaomi, que oferece três versões do modelo: SU7, SU7 Pro e SU7 Max. Farley não especificou qual delas está utilizando, mas foi enfático ao elogiar o carro, ressaltando o sucesso do modelo.
“Eles vendem de 10.000 a 20.000 unidades por mês, e estão com a produção esgotada por seis meses”, comentou, admirado com a popularidade da Xiaomi no mercado de EVs.
Ele também mencionou que a marca possui um apelo com os consumidores que supera até mesmo o das montadoras tradicionais.
Apesar do sucesso de vendas, a Xiaomi ainda enfrenta desafios financeiros com seu segmento de veículos elétricos. No relatório do segundo trimestre de 2024, a empresa revelou um prejuízo ajustado de US$ 252 milhões, o que significa uma perda de cerca de US$ 9.200 por cada um dos 27.307 SU7 vendidos durante o período.
O preço base do modelo na China é de 215.900 yuan, aproximadamente US$ 30.000, ou R$ 170.000. A Xiaomi está buscando reduzir seus custos de produção ampliando a escala de sua operação no setor automotivo, de acordo com um porta-voz da empresa.
Essa não é a primeira vez que Farley comenta sobre o crescimento e a força da indústria automotiva chinesa. Em maio, após uma visita à China, ele alertou um membro do conselho da Ford de que a indústria automotiva chinesa representava uma “ameaça existencial” para empresas estrangeiras.
Além disso, Farley e John Lawler, diretor financeiro da Ford, testaram veículos elétricos fabricados pela estatal Changan Automobile durante a viagem, e ficaram impressionados com a qualidade dos EVs chineses.
“Jim, isso não é nada como antes”, teria dito Lawler a Farley, segundo o The Wall Street Journal. “Esses caras estão à nossa frente.”
O domínio da China no mercado global de veículos elétricos também se reflete em outros países. Segundo dados da ABI Research, as montadoras chinesas representaram 88% do mercado de EVs no Brasil e 70% na Tailândia no primeiro trimestre deste ano.
Essa crescente influência chinesa é algo com o qual a Ford terá que lidar enquanto reformula sua estratégia no segmento de EVs, especialmente em meio às dificuldades financeiras recentes.
A montadora americana, que teve um desempenho decepcionante no segundo trimestre de 2024, registrou uma perda de US$ 1,14 bilhão em sua divisão de veículos elétricos, o que contribuiu para a queda de suas ações.
Em resposta, a Ford anunciou em agosto que está ajustando sua abordagem para o mercado, trocando alguns modelos elétricos planejados por versões híbridas, uma mudança que deverá custar à empresa quase US$ 2 bilhões.
As ações da Ford caíram cerca de 9% até agora em 2024, e a montadora está sob pressão à medida que se aproxima a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, marcada para o final de outubro.
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