A Ford Motor Co. anunciou sua saída de um empreendimento conjunto para a produção de materiais catódicos para baterias de veículos elétricos (EVs) em Bécancour, Quebec.

A decisão ocorre em meio a uma revisão da estratégia de EVs da montadora, diante de custos elevados, baixa demanda e mudanças tecnológicas no setor.

O projeto, avaliado em US$ 1,2 bilhão e lançado em agosto de 2023, continua em construção sob a liderança da sul-coreana EcoPro BM Co., com a SK On Co. como parceira.

No entanto, a saída da Ford encerra seu papel como investidora minoritária e lança dúvidas sobre seu futuro como cliente principal.

Segundo Said Deep, porta-voz da Ford Canadá, a decisão reflete uma análise das necessidades de negócios e evolução das tecnologias de EVs. Ele afirmou que a empresa continua comprometida com a construção de um negócio lucrativo de EVs e explorará outras oportunidades no Canadá.

Quando anunciado, o empreendimento planejava produzir 45.000 toneladas anuais de material ativo catódico para baterias de níquel-cobalto-manganês, suficientes para equipar cerca de 225.000 EVs da Ford. A planta seria a primeira fábrica da montadora em Quebec.

A saída da Ford coincide com uma desaceleração em seus planos de EVs.

Em abril, a empresa adiou por dois anos a produção de SUVs elétricos de três fileiras em Oakville, Ontário, antes de cancelar o programa completamente durante o verão.

Em vez disso, a fábrica de Oakville será adaptada para produzir caminhonetes da série F-Super Duty a partir de 2026.

A decisão da Ford também reflete a evolução das tecnologias de baterias e as preferências do mercado norte-americano.

A demanda por EVs não atingiu as expectativas, levando a montadora a priorizar veículos híbridos e híbridos plug-in. Esses modelos requerem diferentes tipos de materiais catódicos, tornando o projeto de Bécancour menos atraente para a Ford.

Conrad Layson, analista de propulsão alternativa da AutoForecast Solutions, apontou que o cancelamento do SUV elétrico de três fileiras foi um fator significativo na decisão.

“Sem esses volumes, não faz sentido para a Ford comprometer capital em uma produção upstream de cátodos”, disse ele.

Apesar da saída da Ford, a EcoPro permanece confiante no potencial de Quebec como um polo de produção de baterias, citando energia limpa, mão de obra qualificada e apoio governamental como vantagens estratégicas.